Fazia 10 dias que as noites de Ítalo Silveira, 33 anos, seguiam uma rotina. Trabalhava até o final da noite como garçom em um bar da Rua dos Andradas, no centro de Porto Alegre, e depois embarcava no ônibus para casa, na Vila Funil, no bairro Tristeza, zona sul de Porto Alegre. No começo da madrugada de sexta, o roteiro de Silveira foi tragicamente cortado. No meio do caminho do coletivo da linha Liberal, dois homens embarcaram tentando fugir de uma perseguição. Os algozes também embarcaram e o baleado acabou sendo o garçom. O motorista ainda tentou socorrê-lo até o Postão da Vila Cruzeiro, mas o homem já chegou sem vida ao local.
A polícia busca imagens que possam identificar o atirador e as pessoas que eram perseguidas. Há suspeita, e os depoimentos de testemunhas comprovam, que Ítalo Silveira não era o alvo dos disparos. Antes de ser morto, enquanto tentava se desvencilhar dos vidros estilhaçados de uma das janelas do ônibus — que, segundo testemunhas, haviam caído sobre ele na confusão —, o garçom ainda teria implorado:
— Não tenho nada a ver com isso! — teria gritado.
Ainda assim, foi baleado enquanto a dupla perseguida escapava.
No bar em que Ítalo Silveira trabalhava, ficaram os documentos dele, incluindo a carteira de trabalho. Ele seria efetivado no emprego nesta sexta.
— Era um rapaz muito trabalhador, disciplinado. Não faltava e respeitava muito os horários. Mantinha o uniforme sempre impecável — lembra a proprietária do estabelecimento, Cristiane Santos.
Segundo ela, Silveira já era frequentador do bar e pediu o emprego. A princípio, só era chamado quando a casa recebia mais público, como uma espécie de reforço na equipe. Na noite de quinta, o bar havia sido fechado para uma confraternização. Silveira atendeu ao público.
Pai de três filhos, Ítalo Silveira também era conhecido na comunidade carnavalesca de Porto Alegre. Fazia parte de uma equipe de dançarinos que compõem comissões de frente nas escolas de samba da Capital.
Vídeo
No Twitter, a Polícia Civil divulgou vídeo que mostra dois suspeitos de participação na morte de Ítalo. Nas imagens, é possível ver os dois homens caminhando e mexendo em celulares. Na mesma publicação, a polícia comunica que informações dos suspeitos podem ser repassadas por meio do número 0800-6420121: