A noite de quarta-feira e a madrugada desta quinta-feira foram marcadas pela violência com uso de arma de fogo na Capital. Uma chacina com pelo menos quatro vítimas, outras três mortes a tiros e um esquartejamento são, para a polícia, consequências de conflitos do tráfico.
O diretor de investigações do Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) de Porto Alegre, delegado Gabriel Bicca, afirmou que uma das mortes, ocorrida na noite de quarta-feira, e a chacina, na madrugada seguinte, podem estar interligadas:
– São duas as possibilidades. Uma é a chacina ser retaliação ao crime anterior, perto dali. A outra é que todos os fatos estão vinculados e houve atentado contra aquela zona em razão do tráfico.
O primeiro homicídio ocorreu por volta de 21h50min, próximo à Arena do Grêmio. Na Rua Diógenes Arruda Câmara, em frente a uma creche, um homem foi encontrado morto com vários tiros. Não há testemunhas.
Às 4h18min, a Polícia Civil foi comunicada da chacina, ocorrida na Rua Vereador Eloy Martins, perto do local do primeiro assassinato. Conforme Bicca, testemunhas informaram somente que um grupo de pessoas chegou atirando.
Segundo a polícia, Vilma Ferreira da Silva, 63 anos, cadeirante e com uma das pernas amputadas, foi morta dentro da residência atacada. Também foram assassinados três homens, dos quais dois foram identificados como Wagner Goulart Jacques, 32 anos, e Alex Terres, 45 anos. O nome da quarta vítima não havia sido confirmado até esta quinta-feira.
Dos três homens, um foi encontrado sem vida no pátio da casa onde estava Vilma, um segundo foi morto no pátio de outra residência, no fim de um beco, e o terceiro chegou a ser socorrido em via pública, mas morreu no hospital. A polícia não soube detalhar qual das vítimas estava em cada ponto.
– Das três pessoas mortas na chacina e já identificadas, todas em algum momento tiveram passagem policial (por tráfico). Além disso, a região é conhecida pelo consumo de drogas – diz Bicca.
Outras características são a ausência de testemunhas por medo de falar.
– Não há câmeras de segurança no local da chacina e, em frente à creche onde ocorreu a primeira morte, as câmeras não estavam funcionando – informou o delegado.
Conforme a Brigada Militar (BM), na casa atacada foram encontradas diversas cápsulas de pistola. Junto a um dos corpos, havia pinos plásticos com um pó branco – não havia, até esta quinta-feira, confirmação sobre a substância ser cocaína.
Na Zona Sul, mais três assassinatos
Ainda entre a noite de quarta e a madrugada desta quinta-feira, foram somadas aos registros mais três vítimas, na Zona Sul.
Às 22h de quarta, Jair Ferreira Barbosa, 54 anos, foi achado morto com marcas de tiros na Estrada João Antônio da Silveira, no bairro Restinga. Meia hora depois, no bairro Cristal, um homem não identificado foi encontrado morto a tiros na Rua Dona Cristina.
Na Vila dos Sargentos, bairro Serraria, por volta de 8h, foi localizado um corpo esquartejado de um homem. As partes estavam em sacolas, enterradas às margens do Guaíba. Conforme a polícia, o crime pode ter ocorrido há algumas semanas e a identificação ainda não foi possível porque não foram achadas as mãos da vítima, o que dificulta o rastreamento por digitais.
Alta nas chacinas
Porto Alegre registrou quatro chacinas – nos bairros Sarandi, Partenon, Lomba do Pinheiro e Farrapos – no primeiro trimestre de 2018. São pelo menos 14 mortos em homicídios múltiplos, com três vítimas ou mais.
O número, que é quase metade do registro no ano passado inteiro (32 mortes em oito chacinas), representa três vezes mais crimes do tipo entre janeiro e março de 2018 _ no mesmo período de 2017, apenas uma chacina havia sido registrada, com quatro vítimas. Os dados são de levantamento feito pela editoria de Segurança de Diário Gaúcho e Zero Hora.
* Colaborou Vitor Rosa