A prevenção e neutralização da guerra do tráfico, o aumento no número de esclarecimentos de crimes e a integração entre as polícias são fatores que, de acordo com o comandante do Policiamento da Capital, coronel Jefferson de Barros Jacques, foram decisivos para a queda de 20,1% dos homicídios na Capital em 2017, na comparação com o ano anterior. Os dados foram dados divulgados na manhã desta segunda-feira (15) pela Secretaria da Segurança Pública (SSP). O índice foi decisivo para a redução de 1,5% nesse mesmo tipo de crime, em todo o Estado.
— No início de 2017, estávamos com uma situação muito difícil, com explosão de homicídios, principalmente na Capital. Investimos no uso da repressão qualificada e passamos a saturar, com o aumento do policiamento, os locais onde ocorrem e de onde partem os ataques para evitarmos revanches — explica.
O coronel destaca também a aproximação da corporação com o Departamento de Homicídios da Polícia Civil, por meio da trocas de informações dos setores de inteligência e ações conjuntas para o cumprimento de mandados judiciais em áreas conflagradas.
— Tivemos, ainda, a Operação Pulso Firme, que isolou os líderes que comandavam as mortes de dentro de presídios, a vinda da Força Nacional, o incremento do efetivo em março e a formatura de novos soldados em julho — lembra o oficial.
Ação de facções
O chefe da Polícia Civil, delegado Emerson Wendt, destaca o número de prisões e de casos elucidados como fatores determinantes para a queda dos números.
— Só a Polícia Civil prendeu mais de 15 mil pessoas em 2017. Tivemos índices de 83,77% de elucidação de casos de latrocínios e de 79,66% nos de homicídios. A isso, soma-se o aumento do policiamento da Brigada Militar – argumenta.
Especificamente sobre os homicídios, o delegado admite que o avanço não foi completo, uma vez que, embora os dados da SSP apontem uma queda de 1,5% nos casos ocorridos no Estado, por outro lado, registram um aumento de 0,3% no número de vítimas.
— Isso comprova que a maior parte dos casos envolvem facções que, além de assassinarem os inimigos, não querem deixar testemunhas. Então, ocorrem homicídios múltiplos —afirma.
Para o sociólogo e especialista em segurança pública Rodrigo Ghiringhelli de Azevedo, as medidas adotadas podem ter contribuído para a redução do indicador criminal, mas têm caráter temporário.
— Realmente, algumas medidas emergenciais foram adotadas, mas não podem ser chamadas de política de segurança pública. Houve incremento nas investigações dos crimes, deslocamento de efetivo do Interior para a Capital, o que fortalece um lado e enfraquece outro, e também chegou reforço da Força Nacional. Mas tudo isso são mecanismos que, por si só, não garantem efetividade a longo prazo.
Latrocínios
A redução no número de latrocínios (roubos com morte) foi ainda mais significativa, de acordo com dados da SSP. Em todo o Estado, em 2017 foram 124 casos, contra 164 do ano anterior, com queda de 24%. Em Porto Alegre, o índice foi ainda maior: 69,2%.
— Isso é resultado indireto do combate ao crime contra o patrimônio e, principalmente, ao pedestre — argumenta o coronel Jacques.
Por outro lado, a queda nos casos de roubos foi menos significativa (1,6%) e, nos roubos de veículos, houve alta de 1,4%.
— As condições para a prática de latrocínio não foram alteradas. Possivelmente, essa queda foi casual. Não há nada que autorize se dizer que a redução ocorreu em decorrência de alguma uma intervenção do Estado — avalia, o também sociólogo e especialista em segurança pública Marcos Rolim.