Correção: o aumento no uso de explosivos na comparação entre o total de 2016 e o registrado até novembro de 2017 é de 18%, e não 13% como publicado entre 11h53min e 21h15min do dia 26 de dezembro. O texto já foi corrigido.
O número de ataques a banco com o uso de explosivos no Rio Grande do Sul em 2017 é o maior registrado nos últimos sete anos. Balanço feito pela reportagem da Rádio Gaúcha, que contabiliza cada caso que ocorre no Estado, mostra que, até 30 de novembro deste ano, quadrilhas usaram bombas em pelo menos 60 ocasiões. Em todo 2016, foram 51.
O acréscimo no uso de explosivos é de mais de 18% se comparado o número até novembro de 2017 com o total do ano passado. A análise do mesmo período dos dois anos mostra um aumento ainda maior, de 25%.
A preferência dos criminosos por explosivos é reconhecida pela delegacia responsável pela grande parte das investigações de ataques a bancos no Rio Grande do Sul, a Delegacia de Roubos do Departamento Estadual de Investigações Criminais (Deic). Um dos responsáveis pela unidade, o delegado Joel Wagner, diz que os investigadores elencam dois principais fatores que podem ter influenciado no uso de explosivos.
— Há presos importantes que deixaram a cadeia e até foram resgatados no meio do ano. Nessa época, houve um aumento dos casos bem sucedidos, com abertura do cofre e subtração do dinheiro. Mas também percebemos que pessoas sem experiência com explosivos estão agindo, e, na maioria desses casos, o dinheiro não é levado — afirma o delegado.
A Polícia Civil diz que os irmãos Rudinei e Vanderlei Lopes eram os principais envolvidos em ataques com explosivos no Vale do Taquari. São pelo menos 17 casos atribuídos a eles só neste ano. Os irmãos foram presos no final de novembro na região de Missiones, na Argentina. O delegado também lembra a prisão de Carlos da Silva, 39 anos, no dia 14 de dezembro. Ele era um dos mais procurados por assaltos com uso de explosivos no RS.
No entanto, a Delegacia de Roubos ainda procura João Batista Crisóstomo Araújo, 53 anos, e Ivo Francisco dos Santos Assis, o "Ganso Baio", foragido desde 2012. A análise da polícia é que eles seguem agindo no Estado. São bandidos considerados importantes nas quadrilhas e atacam, principalmente, agências de cidades do Interior, durante a madrugada.
— Isso é um ciclo. Os principais presos saem, cumprem suas penas ou fogem. Esses líderes formam novos bandos e voltam a fazer seus crimes — comenta Wagner.
Explosões aumentam, roubos e furtos diminuem
Apesar das explosões terem aumentado, os roubos a bancos diminuíram 20% no Rio Grande do Sul em 2017. O balanço da Rádio Gaúcha mostra que de janeiro a 30 de novembro deste ano, houve 38 roubos em agências. No mesmo período do ano passado, foram 48.
A diminuição foi ainda maior nos furtos em agências e terminais eletrônicos de janeiro ao final de novembro. São 93 crimes contabilizados pela Rádio Gaúcha até agora, contra 123 no ano passado. A redução é de 24%. O delegado atribui o resultado positivo nos furtos a uma operação policial que prendeu os líderes de uma quadrilha de Joinville, em Santa Catarina, que atacavam no Rio Grande do Sul.