O homem apontado como o líder de um esquema de lavagem de dinheiro de um grupo suspeito de explorar jogos de azar, bingos e caça-níqueis, salas de prostituição e ainda de receptar cargas roubadas foi preso, nesta quarta-feira (22), em Porto Alegre. Clério Luís Postal, de 33 anos, tinha prisão preventiva decretada e apresentou-se na sede do Departamento Estadual de Investigações Criminais no início da tarde.
De acordo com a Polícia Civil, o homem tinha um bingo que ficava ao lado de uma loja no bairro Azenha - um dos estabelecimentos de fachada utilizados para lavar dinheiro. Os valores obtidos de forma irregular eram revertidos em bens móveis e imóveis e colocado em nome de terceiros, geralmente da família.
Na operação da última segunda-feira (20), duas mulheres foram presas no estabelecimento de fachada na Avenida Azenha. A loja de Clério, onde Simone Postal foi presa, a Postal Variedades, foi interditada pela polícia nesta tarde após determinação judicial. Segundo apuração dos investigadores, Karina Carvalho ainda teria aberto uma empresa de fachada em seu nome para que Clério pudesse realizar a lavagem de dinheiro. O suspeito também montou uma empresa no fim do ano passado em nome do próprio pai.
Os policiais chegaram até os criminosos após descobrirem, neste ano, os responsáveis por receptação de uma carga roubada de desodorantes avaliada em R$ 600 mil em 2016. A polícia ressaltou que Clério comandava quatro núcleos criminosos bem definidos: o familiar, o das casas de jogos, o de salas de prostituição e outro chamado de "auxiliar".
No grupo familiar, sete pessoas estariam envolvidas. Nos grupos das casas de jogos e de prostituição, constam funcionários de bingo e de salas para exploração sexual. Por fim, no grupo "auxiliar", constam uma corretora de imóveis, um contador, laranjas diversos e gerentes de contas bancárias. Ao todo, 30 pessoas são investigadas.
A reportagem não conseguiu contato com o advogado de Clério Postal. Já o responsável pela defesa de Karina e Simone, o advogado Marcelo Nascimento, disse que suas clientes não têm relação com os crimes.
"Simone Postal jamais explorou jogos de azar e sequer concorda com a atividade do irmão. Ela era caixa da Postal Variedades, não frequentava o ambiente do bingo. Sobre as salas de massagens, no centro, ela era locatária dos imóveis e os sublocava para massagens. Não tem conhecimento sobre prostituição no local."
"Karine Carvalho era apenas funcionária do bingo há 4 anos. Sempre trabalhou em petshop, mas ficou desempregada há 4 anos e conseguiu emprego no bingo."