A Polícia Civil está investigando um caso de maus-tratos contra bebês de menos de um ano em uma creche de Três Passos, na região Noroeste. A investigação começou a partir de áudios enviados por um grupo de mães que mostram agressões verbais e violência psicológica contra as crianças. Duas funcionárias foram afastadas da escola.
As mães não revelam como conseguiram os áudios, que somam mais de duas horas. Neles é possível ouvir duas funcionárias xingando as crianças, e também é possível ouvir os gritos dos bebês.
— Tu tá de novo no lixo? Eu quero te dar tanto tapa até que tu vai parar... Nojenta!
— Tu chega também! Chega, ninguém aguenta mais!
— Tu acorda, acorda, abre esses olhos!
A prefeitura de Três Passos abriu procedimento administrativo e afastou as funcionárias, uma professora e uma servente. O afastamento ocorreu antes que as mães tomassem conhecimento do fato.
O delegado Marion Volino, responsável pela investigação, afirma que vai ouvir testemunhas nesta semana e, depois, deve interrogar as duas investigadas. Conforme o delegado, as mães não relataram lesões nas crianças, mas esta possibilidade também é investigada.
— Por enquanto, identificamos o crime de maus-tratos e o crime de submeter criança a vexame ou constrangimento, além de injúria praticada contra as mães, já que, em alguns pontos do áudio, é possível ouvir xingamentos contra elas. Alguns destes crimes preveem detenção, mas, como seriam rés primárias, dificilmente haverá prisão neste caso. Ainda temos que investigar a suspeita de lesão, já que as mães relataram terem ouvido tapas. Vamos verificar isso e ver quais penas podem ser aplicadas — detalhou.
Não há câmeras de monitoramento na escola, conforme o delegado. Volino também vai investigar a origem do áudio.
A mãe de uma aluna da creche, de 11 meses, conta que os áudios causaram revolta:
— Todas as mães ficaram apavoradas. Ninguém imaginava que as professoras fossem capazes disso. Minha filha chorava para ir para a creche, acordava assustada, como outras crianças, mas não imaginei que era isso. Como elas são muito pequenas, não conseguem falar sobre os xingamentos — lamenta.
— Nós notamos que as professoras não estavam mais indo à aula, e questionamos a prefeitura. Foi só depois que tomamos conhecimento dos áudios — conta.
Os 18 bebês continuam matriculados na creche. Além da polícia, as mães procuraram o Conselho Tutelar e o Ministério Público.