TENSÃO NO CENTRAL
Policiais do BOE e agentes da Susepe transferiram 20 dos 160 presos que estavam no pátio do Presídio Central de Porto Alegre para a Penitenciária de Charqueadas e para a de Arroio dos Ratos. Ao longo de quase 10 dias, os homens ficaram desalojados, dormindo em um dos pátios, sob sol e chuva – banheiros químicos chegaram a ser instalados no local.
Os detentos foram mandados para o pátio por pertencerem à quadrilha do líder do tráfico Colete, morto no fim de agosto.
Como de hábito, o governo do Estado não reconheceu a falência do Central. De acordo com o secretário da Segurança Pública, Cezar Schirmer, os presos haviam ido para o pátio por conta própria, pois queriam uma galeria exclusiva. O comentário do secretário é desconectado com o que está acontecendo nos presídios. No Central, facções mandam nas galerias. Se o grupo em minoria permanecesse dentro do pavilhão A, o mais provável é que um banho de sangue ocorresse.
PRISÃO DOS BARÕES DO TRÁFICO
A Polícia Federal desarticulou nesta madrugada um esquema responsável por enviar seis toneladas de cocaína para a Europa. O tráfico internacional tinha o porto de Santos como porta de saída da droga. Os 190 mandados de prisão e 120 de busca e apreensão ocorreram nos Estados de São Paulo, Minas Gerais, Santa Catarina, Paraná, Rio Grande do Sul e Distrito Federal.
Ações como essa, de grande porte, que prendem os atacadistas do mercado de drogas, fazem a diferença no combate ao tráfico. A política de repressão focada nos pequenos revendedores aumenta a massa carcerária, o que, na prática, resulta em mais violência.
Nos últimos anos, o Brasil duplicou o número de presos muito em função da intensificação das prisões de traficantes que estão na ponta da cadeia criminosa. Mesmo assim, no ano passado, o país registrou quase 60 mil mortes – a maioria com relação direta com o tráfico de drogas. Alvorada, na Região Metropolitana, é a 12ª cidade mais violenta.
NOVO CONCEITO DE PRISÃO
Há 45 anos surgiu, em São Paulo, um tipo de prisão diferente. São as Associações de Proteção e Assistência aos Condenados (APACs). Em vez de guardas armados com escopetas, os próprios detentos fazem a segurança da cadeia. Em vez de celas trancafiadas, ambientes abertos. Só são admitidos presos que estudam e trabalham.
O sistema se consolidou em Minas Gerais (ZH esteve lá) e, finalmente, este modelo começará a ser adotado no Estado. Amanhã, integrantes do governo do Estado, Ministério Público e Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul assinarão um convênio para incentivar as APACs. No RS, o Instituto Pio Buck, na Capital, pode sediar uma APAC.
Em um Estado com o sistema prisional falido, prisões sem agentes penitenciários, geridas pelos próprios apenados, podem ser alternativas para aqueles que buscam deixar o crime. O grau de reincidência dos presos em APACs é de 15%, enquanto no modelo de presídios tradicional, o percentual chega a 70%.