Depois de ocuparem por uma semana a comunidade da Rocinha, no Rio de Janeiro, as Forças Armadas começaram a deixar a região às 3h30min da madrugada desta sexta-feira (29). Conforme o G1, os primeiros a sair foram os fuzileiros navais. Há cerca de 950 militares na Rocinha – eles devem sair aos poucos, ao longo do dia.
Na quinta-feira (28), o ministro da Defesa, Raul Jungmann, disse que os militares já cumpriram a participação nas operações integradas com as polícias estaduais na comunidade, que desde o dia 17 atuavam na região e desde a sexta-feira passada (22) receberam apoio das Forças Armadas.
Segundo o ministro, houve vários fatores que influenciaram na decisão de retirar os militares da comunidade. No momento, a situação na Rocinha está estabilizada com o fim de confrontos violentos entre traficantes que disputavam o controle da região.
Os resultados das operações desencadeadas nos últimos dias também vêm apontado redução nas apreensões de armas e nas prisões de criminosos. Além disso, com o deslocamento de traficantes da comunidade para outras regiões, de acordo com Jungmann, não há motivo para manter o efetivo de 950 militares no local e deixar outras áreas da cidade sem o apoio das Forças Armadas.
— Os bandidos que lá estavam conseguiram passar para outras comunidades próximas, então não fazia sentido permanecer com todo esse efetivo, mas sim deslocar o efetivo para outras comunidades, outros lugares onde eles possam ser devidamente capturados — contou.
Entenda o que desencadeou a onda de violência na Rocinha
A atual onda de intensos tiroteios na Rocinha começou no domingo (17), quando o chefe do tráfico de drogas no morro, Rogério Avelino da Silva, conhecido como Rogério 157, se desentendeu com o seu antecessor, Antonio Francisco Bonfim Lopes, o Nem, preso desde 2011 na Penitenciária de segurança máxima de Rondônia, capital do Porto Velho. No domingo, os tiroteios deixaram um morto.
Nem estaria insatisfeito com a atuação de Rogério 157 e teria tentado expulsar o seu grupo da favela, por meio de ordens dadas de dentro da prisão. A relação pode ter piorado depois da união da Amigo dos Amigos (ADA) com a facção paulista PCC. Já Rogério teria matado aliados de seu antecessor e mandado expulsar Danúbia de Souza Rangel, mulher de Nem, do morro.
Em represália, Nem teria incitado criminosos da ADA de outros morros, como Vila Vintém, Morro dos Macacos e São Carlos, a tentar retomar a favela. A tentativa, porém, foi frustrada, e Rogério continuaria no alto do morro, segundo informações da Polícia.
Danúbia, que é foragida e ostenta alto poder aquisitivo nas redes sociais, também estaria no local. Os dois corpos carbonizados encontrados pela polícia seriam do grupo de Rogério.
Na segunda-feira (18), o porta-voz da Polícia Militar do Rio, major Ivan Blaz, e o delegado-titular da 11ª DP (Rocinha), Antônio Ricardo, admitiram que sabiam que poderia haver confronto entre traficantes na Rocinha no dia anterior. Blaz afirmou que a Polícia Militar não agiu com mais força para acabar com o confronto porque a intervenção poderia vitimar moradores. Já Ricardo acrescentou que não sabia que o confronto, que durou cinco horas, "seria desta proporção".
Na quarta-feira (20), o governador do Rio afirmou que soube na madrugada do domingo que haveria confronto entre traficantes e pediu que a polícia não interviesse, o que causou polêmica.