A polícia encerrou o inquérito, indiciando sete homens, sobre a chacina dos jovens Bruno Barbosa Ferreira, 19 anos, Eduardo dos Santos Salvati Chaves, 21, Éderson Leon Araújo, 21, e Emerson Luís dos Santos Pereira, 21. Eles foram encontrados decapitados no porta-malas de um carro roubado em novembro do ano passado, em Alvorada, na Região Metropolitana.
De acordo com o delegado André Lobo Anicet, da Delegacia de Homicídios de Alvorada, os jovens foram vítimas de uma emboscada tramada dentro do Presídio Central. Em 8 de novembro do ano passado, pela manhã, entregariam um Honda Fit roubado dias antes, que havia sido negociado por R$ 1,3 mil, via Whatsapp, a possíveis interessados no veículo. A negociação nunca se concretizou. O que era para ser uma venda, tornou-se um rapto seguido de uma chacina extremamente cruel.
– Eles foram rendidos no estacionamento de um hipermercado de Alvorada, onde haviam combinado de concluir a negociação, e levados para uma casa abandonada em um loteamento próximo, na zona norte de Porto Alegre. Lá, foram decapitados – explica o delegado.
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A casa ficava no Loteamento São Luiz, no bairro Mario Quintana. Conforme o levantamento da perícia, não havia sinais de tiros ou outros ferimentos nos jovens. A suspeita é de que tenham sido decapitados com o uso de facas – as armas não foram encontradas – e depois tiveram os corpos transportados em outro carro, um Lifan – que havia sido roubado dias antes na zona norte de Porto Alegre _, até a Rua Tupã, no bairro Salomé, em Alvorada, onde foram encontrados naquela noite.
Conforme a investigação, o carro roubado que os jovens tentavam negociar havia sido levado em um assalto à casa de parentes do criminoso conhecido como Gordo Fábio, apontado pela polícia como uma liderança no tráfico do bairro Umbu, em Alvorada. Logo que o crime aconteceu, ele teria acionado seus comparsas para que caçassem os autores.
– Ele acabaram oferecendo o carro em grupos de Whatsapp. Um dos comparsas do Gordo Fábio conduziu a falsa negociação – diz André Lobo Anicet.
Em redes sociais, os criminosos espalharam fotos do crime e das vítimas momentos antes de serem mortas. A polícia acredita que as imagens tenham sido enviadas para quem havia arquitetado as execuções.
– O crime aconteceu em uma região dominada por um comparsa de facção do Gordo Fábio. É conhecido como Gordo Dé, e constatamos que também teve participação no planejamento – explica o delegado.
A investigação
Um ponto fundamental para que o crime fosse solucionado foi a prisão de Cristiano dos Santos Soares, 21 anos, apenas cinco dias depois do crime. Ele foi flagrado pela Brigada Militar com um carro roubado e diversas armas e munições. O celular dele foi apreendido e, com autorização judicial, foi quebrado o sigilo telefônico. Em conversas e áudios de WhatsApp, praticamente todo o plano, com a negociação do carro roubado, e a execução dos jovens foram esclarecidos.
– Ele costumava agir sempre em conjunto com outro suspeito, que já tínhamos a indicação pelas digitais encontradas no Lifan onde estavam os corpos. Suspeitamos que estivessem juntos nesse crime também – esclarece o delegado.
Cristiano é apontado pela polícia como o responsável por transportar os corpos. Ele teria levado o Lifan até o local onde estavam as vítimas e dirigido até Alvorada. Cristiano tem quatro antecedentes criminais por homicídios.
Conforme a investigação, Bruno Maycon Ferreira da Costa, 21 anos, com cinco antecedentes criminais por homicídios, teve as digitais encontradas no Lifan em que os corpos foram encontrados. Apontado como um dos executores, ele acabou preso em Tapes, no sul do Estado, no final do ano passado. Outro suspeito que teve as digitais confirmadas no carro abandonado com os corpos foi Cristian de Andrade Botelho, 19 anos. Também com antecedente por homicídio ainda como adolescente, ele segue foragido.
A polícia ainda indiciou como executores Leandro Gonçalves da Silveira, o Turco, 36 anos, e Vinícius Vergas Valin, o Nego Vinícius, 25 anos. Turco foi preso em um tiroteio com a BM em fevereiro deste ano. No mês seguinte, Nego Vinícius foi preso no bairro Mario Quintana por tráfico de drogas.
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Já Fábio Adriano de Oliveira, o Gordo Fábio, e André da Silva Dutra, o Gordo Dé, estavam presos quando aconteceu a chacina. São apontados como os mandantes dos assassinatos. A polícia ainda pretende solicitar à Justiça os procedimentos de dois adolescentes de 16 e 17 anos como participantes das execuções.
Todos os envolvidos foram indiciados por quatro homicídios triplamente qualificados – motivo fútil, meio cruel e emboscada –, associação criminosa e corrupção de menores.