A Polícia Civil alerta que o golpe em clientes de cartões de crédito pode estar sendo reestruturado, principalmente porque alguns integrantes da quadrilha presa há duas semanas acabaram soltos. Soma-se a isso o fato de que o líder do grupo não foi detido pelos agentes. Após deflagrar operação em São Paulo e no Rio Grande do Sul no dia 3 deste mês, a 3ª Delegacia de Porto Alegre divulgou nesta quarta-feira (17) a foto e nome de Danilo Vinícius da Silva Rosário, 29 anos. Ele é da capital paulista e está com prisão preventiva decretada. As informações são da Rádio Gaúcha.
No início da investigação, o delegado Hilton Muller acreditava que o foragido tinha apenas uma função importante no esquema, mas depois comprovou-se que ele é o mentor lesou fez 29 vítimas em cerca de R$ 500 mil.
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Outras 10 pessoas registraram ocorrência depois da ação policial – e muitas pessoas ligam para a 3ª DP pedindo informações. Segundo Muller, até o dia 10 deste mês, eram pelo menos cinco ligações diárias.
Também preocupa a investigação o fato de que três envolvidos presos no RS foram soltos dia 7, após uma divergência entre polícia e Justiça, e agora são procurados novamente, quando foi decretada a prisão preventiva deles um dia após a soltura. Quatro integrantes do grupo, sendo três de São Paulo, seguem presos. Um quinto envolvido se apresentou nesta semana aos policiais.
Golpe
Por meio de contato por telefone com clientes de Porto Alegre das empresas Visa e Master, os golpistas em São Paulo se passavam por funcionários das operadoras e informavam que havia problemas em uma determinada compra. Para resolver a situação, um dos procedimentos era digitar a senha do cartão no teclado do telefone, para depois inutilizar o mesmo, mas preservando o chip intacto para que fosse entregue um integrante da quadrilha.
Este fingia para as vítimas que era um agente de segurança de operadora. Após isso, cartões falsos eram produzidos para realização de compras no comércio, para obter empréstimos e para saques bancários.
Como surgiu
O delegado Muller diz que Danilo, o chefe do grupo e que está foragido, desenvolveu há mais de dois anos uma tecnologia própria com computadores e telefones. Ele criou uma central no bairro Jardim Peri Alto, na capital paulista, e montou uma equipe para atender a demanda em todo o país.
Os integrantes da quadrilha foram treinados para falar conforme operadores de telemarketing e obtiveram até gravações de músicas quando o cliente fica na espera de atendimento. Parte desta equipe foi presa na operação deflagrada pela polícia gaúcha há duas semanas. Ao todo, são três paulistas.
Como se espalhou
Após várias vítimas lesadas, o golpe ficou conhecido em São Paulo e Danilo foi preso, no entanto, acabou sendo solto posteriormente. Ele voltou a praticar o mesmo delito, mas não estava conseguindo obter muito êxito e se transferiu para o Rio de Janeiro. De lá, segundo o delegado Muller, fez uma espécie de "franquia" pelo Brasil inteiro.
Danilo oferece às pessoas uma parceria no esquema, repassando a tecnologia, e cobra uma porcentagem do valor subtraído de cada vítima. Assim, o levantamento de possíveis clientes de cartões de crédito é feito por criminosos de cada região escolhida e as ligações telefônicas para aplicar o golpe sempre partem de SP. A polícia já identificou ocorrências em Fortaleza, Recife, Belo Horizonte, interior mineiro, Rio de Janeiro, Florianópolis e até em Santa Maria.
*Rádio Gaúcha