Policiais militares foram flagrados, nesta quinta-feira, dando um tapa no rosto e insultando uma mulher na Rua Moçambique, no bairro Mario Quintana, em Porto Alegre. Nas imagens gravadas por celular, um dos PMs ainda aparece apontando a arma para o homem que registrava a cena.
A cozinheira Elisete Terezinha Rodrigues dos Santos, de 38 anos, contou que estava em casa, às 11h, quando três brigadianos em uma viatura passaram em frente a sua residência, deram marcha a ré e desceram já com armas em punho. No pátio, tomando chimarrão, estavam Bruno dos Santos Severo, 20 anos – o mais velho dos três filhos de Elisete – e um grupo de oito amigos. Ao perceber a presença dos policiais armados na porta de casa, a cozinheira teria questionado o motivo da abordagem, momento em que, segundo ela, teria sofrido a primeira agressão. De acordo com a mulher, um dos policiais a empurrou e deu um tapa nos seus braços.
– Primeiro bateram em mim dentro do pátio. Por isso um dos meus amigos começou a gravar.
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Na sequência, o vídeo mostra Elisete perguntando o nome do brigadiano e dizendo que registraria um boletim de ocorrência na Polícia Civil. Ao ouvir a ameaça da mulher, o policial diz:
– Vai para a p...!
Em defesa, os filhos da cozinheira e seus amigos pedem respeito aos policiais, que revidam empurrando Elisete. Um dos PMs dá um tapa no rosto da mulher e, instantes depois, saca uma pistola e a aponta para quem estava filmando. Na confusão, dois portões foram quebrados.
– Eu queria saber porque estavam invadindo a nossa casa. E depois, porque levariam meu filho preso. Queria entender, mas qualquer coisa que a gente falava, eles apontavam as armas. Ninguém podia falar nada. Só eles tinham razão – comenta.
O corregedor-geral da BM, tenente-coronel Régis Rocha da Rosa, disse ter tomado conhecimento do vídeo ainda na quinta-feira e encaminhado ao Comando do Policiamento da Capital (CPC) para apuração.
– Tomamos ciência quando ela esteve aqui (ainda na quinta-feira) e, então, encaminhamos ao CPC, que vai instaurar o procedimento investigatório para apurar o fato.
Conforme o tenente-coronel, essa é uma ação comum na corporação, já que na BM há vários níveis de investigação e o destino depende da relevância da ocorrência.
A reportagem aguarda o posicionamento do CPC e dos policiais envolvidos. Conforme a BM, o comando está analisando as imagens para, só então, se manifestar.
Em nota, a Secretaria da Segurança Pública disse que "não compactua com nenhuma forma de abuso de autoridade por parte de suas instituições e seus servidores" e que não aceita "qualquer atitude que desrespeite a ação policial". Por fim, acrescentou que há "convicção e confiança de que a Corregedoria-Geral da Brigada Militar irá apurar as circunstâncias do fato ocorrido, agindo dentro de sua esfera de competência e tomando as medidas cabíveis em caso de necessidade".