Uma suposta fraude envolvendo o depósito e a venda ilegal de 170 mil sacas de soja é a base da Operação Colheita Maldita, desencadeada na manhã desta sexta-feira em oito cidades gaúchas e uma paranaense. A investigação envolve a Cooperativa dos Agricultores de Plantio Direto, a Cooplantio. O trabalho é da Delegacia de Repressão aos Crimes contra a Administração Pública e Ordem Tributária (Deat), sob coordenação dos delegados Max Otto Ritter e André Lobo Anicet.
São apurados crimes de apropriação indébita, associação criminosa e lavagem de dinheiro. As suspeitas surgiram a partir da queixa de agricultores que teriam sido lesados pela cooperativa. O prejuízo de apenas uma vítima, com correções, é calculado em torno de R$ 17 milhões. São investigados dirigentes e conselheiros da cooperativa pelos desvio de soja de associados e criação de empresas fantasmas.
Acompanhe as úlitmas informações:
Leia mais:
Preso homem suspeito de contratar helicóptero para sequestro na Serra
Câmeras usadas por facção para monitorar a polícia são desativadas na Capital
Polícia Federal faz operação contra a pedofilia em 17 Estados e no DF
O caso começou a ser investigado no segundo semestre de 2016, a partir da denúncia de um produtor que se disse lesado. Ele afirmou ter depositado junto à cooperativa 170.808,95 sacas de soja das safras 2010-2014, e ter descoberto que sua mercadoria estava sendo vendida sem seu conhecimento e sem que recebesse os valores decorrentes do negócio.
O produtor passou a cobrar a cooperativa, sem sucesso. A discussão tramita inclusive em ação judicial cível. Quando soube da venda irregular de 100 mil sacas, o produtor tentou reaver as outras 70 mil, mas nunca conseguiu recuperar a mercadoria.
Por meio de quebra de sigilo bancário, a Deat, delegacia especializada do Departamento Estadual de Investigações Criminais (Deic), apurou terem sido feitas transferências de altos valores entre a cooperativa e gestores investigados. A polícia também apura o uso de empresas de fachada para fazer o dinheiro desviado circular.
A Justiça autorizou buscas e apreensões e decretou a indisponibilidade de veículos de propriedade dos investigados e de beneficiários do esquema criminoso. Segundo os delegados Ritter e Anicet, as buscas visam a localização de documentos que reforcem os indícios de crimes já apurados ao longo da investigação.
No Paraná, a polícia tenta localizar um dos principais suspeitos de comandar os desvios.
Contraponto
O que diz Nelson Sirtori, um dos representantes da Cooplantio e investigado:
"Não gostaria de me manifestar porque não sei do que se trata".
O que diz o setor jurídico da Cooplantio:
"A cooperativa vai colaborar com as investigações. Não temos o que esconder. Estamos buscando acesso aos autos para depois nos manifestarmos".