No dia 3 de maio, a polícia desarticulou em São Paulo e no Rio Grande do Sul uma quadrilha que aplicava golpes em clientes de cartões de crédito em Porto Alegre. Na ocasião, cinco pessoas foram presas na Capital e outras três no estado paulista. Outro suspeito foi preso posteriormente. Todos estavam com prisão temporária decretada por cinco dias, prazo que terminaria domingo à meia-noite.
Mas por um problema de procedimento adotado, os prazos não foram renovados em tempo hábil e os cinco integrantes da quadrilha presos em Porto Alegre foram soltos no domingo passado, três não deveriam ter saído. Os outros seriam liberados de qualquer forma. A polícia diz que a responsabilidade foi da Justiça e esta diz que foi da 3ª Delegacia, que comandou a ação.
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Parte do grupo criminoso que fez 29 vítimas, lesadas em quase R$ 500 mil, agora está foragido. A prisão preventiva de dez envolvidos no esquema foi decretada na segunda-feira desta semana. Mas já era tarde demais, mesmo assim, um dos investigados se apresentou à polícia e foi preso. Outros três envolvidos, apesar de três dias de buscas, não foram mais localizados. Os presos em SP só não foram soltos por que entraram no Presídio Central um dia depois dos outros.
O delegado Hilton Muller, da 3ª DP, diz que, após equipe chegar de São Paulo na quinta-feira da semana passada, protocolou na sexta-feira o pedido de renovação da temporária ou então a preventiva dos investigados. Inclusive ligou para assessora da juíza responsável pela 2ª Vara Criminal do Foro Central para alertar sobre os pedidos.
– No entanto, para minha surpresa, os presos foram soltos. E o desperdício de tempo e de dinheiro? O que dizer para as vítimas? Eles poderiam ter decidido sobre o nosso pedido – diz Muller.
Segundo a Assessoria de Imprensa do Tribunal de Justiça do RS, o protocolo foi feito por volta de 16h30min da sexta-feira da semana passada. Ou seja, não teria tempo hábil para dar vistas ao Ministério Público e depois para apreciação judicial. Além disso, a Assessoria, que confirma todas as solicitações do delegado, diz que não houve alerta no pedido da 3ª DP sobre a renovação das prisões.
Golpe
Através de contato por telefone com clientes de operadoras dos cartões Visa e Master, golpistas em São Paulo se passavam por funcionários da central de segurança das empresas. Eles informavam que uma determinada compra efetuada não havia sido realizada e que o cliente precisava seguir instruções para resolver o problema. Para isso, era necessário digitar a senha do cartão no teclado do telefone, para mais tarde inutilizar o mesmo, porém sem danificar o chip. Depois disso, o cliente deveria escrever uma carta de próprio punho para contestar a compra e entregar a um agente de segurança (criminoso) um envelope contendo a carta e o chip.
Os investigados utilizavam o chip do cliente enganado em um novo cartão confeccionado pelo próprio grupo criminoso. Com esse cartão falso e com a senha repassada através do contato telefônico, os suspeitos passavam a realizar compras no comércio e a fazer saques bancários, causando prejuízos às vítimas.