O primeiro dia de aula da Escola Estadual de Ensino Básico Luiz de Camões, em Cachoeirinha, após a morte da adolescente Marta Avelhaneda Gonçalves, 14 anos, na última quarta-feira, foi marcado por revolta e manifestações. Falando em sentimentos como dor e indignação, familiares e amigos pediram Justiça na frente do colégio, na tarde desta segunda-feira.
A irmã da jovem, Jéssica Avelhaneda Gonçalves, 22 anos, organizou o protesto e pediu um minuto de silêncio em memória da irmã que, em seguida, foi quebrado por aplausos em homenagem a ela.
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– A gente trabalha, não tem antecedente criminal, paga os impostos, faz tudo certo e os direitos humanos onde estão? Como assim, tu deixas a tua filha na escola e vai buscar dentro de um caixão? _ disse Jéssica.
Gritos de "Justiça" foram entoados por longos minutos. Uma moradora da comunidade pediu a palavra e se uniu ao coro dos manifestantes.
– Vocês que são da família têm de buscar a Justiça, porque hoje foi a Marta, amanhã pode ser a Luiza, o Pedro, o Paulo – clamou Maria Claudia Flores, 62 anos.
A mãe da adolescente que foi vítima de estrangulamento dentro da sala de aula não compareceu à manifestação. Mas pediu que a irmã, Noeli Oliveira, 36 anos, fizesse isso por ela.
– A gente quer saber o que aconteceu e quer Justiça. A minha irmã (mãe de Marta) está lá sem comer, só deitada chorando, pedindo a filha de volta, porque ela a largou na porta da escola e duas horas depois recebemos a notícia que ela estava no hospital. Eu tive de contar para ela o que aconteceu e ela disse que não quer que outras mães passem o que ela está passando – lamentou Noeli.
O grupo solicitou a presença da diretora, mas os funcionários da escola preferiram não se manifestar. Uma mulher pediu calma aos familiares em defesa de duas das três meninas que estão sendo investigadas como participantes da briga que resultou na morte. Pais de alunos retiraram a mulher para que não houvesse tumulto.
Os manifestantes seguiram em passeata até a 1ª Delegacia de Polícia, onde o caso é investigado. O crime ainda movimentou um grupo de mães que se uniu para ajudar a escola e preservar a segurança dos alunos.
– Infelizmente, é na tragédia que a gente se une. Estamos vendo de que forma podemos melhorar a nossa escola. Precisamos pensar como os alunos vão lidar com o que aconteceu. Falta estrutura, mas é uma escola boa, é um bairro bom – defendeu Cristiane Gomes, 43 anos, mãe de dois alunos de 7 e 10 anos.
Contraponto
A diretora Fani de Oliveira não quis conversar com a reportagem durante a tarde por conta do protesto. Mas deu entrevista à RBSTV pela manhã. Ela disse que se reunirá com os pais para falar sobre a segurança da unidade.
– Amanhã (terça-feira), a gente vai fazer uma reunião com os pais e conselho escolar para ver o pensamento deles, as ideias, o que eles podem nos auxiliar pra mudar essa situação e melhorar a segurança e o andamento da escola, porque a comunidade faz parte da escola – disse em entrevista.