O delegado Leonel Baldasso, titular da 1ª Delegacia de Polícia de Cachoeirinha, aponta contradição no depoimento prestado pelas três adolescentes envolvidas na briga que resultou na morte de Marta Avelhaneda Gonçalves, 14 anos, e o resultado do laudo do Departamento Médico Legal (DML), que indicou que a vítima foi morta por asfixia.
A estudante da sétima série foi morta dentro dentro da sala na aula na Escola Estadual Luiz de Camões, em Cachoeirinha, na tarde de quarta-feira. Por volta das 15h, quando a turma estava sem professor, uma discussão entre Marta e outras três adolescentes – duas de 12 anos e uma de 13 – acabou na morte na menina, que estava no segundo dia de aula na nova escola.
Marta foi socorrida por três professores e profissionais da Unidade Básica de Saúde (UBS) Luiz de Camões, que fica ao lado da escola, que tentaram reanimá-la sem sucesso. O Samu foi chamado e ela foi levada ao Hospital Padre Jeremias, onde já chegou sem vida.
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– Legistas do DML constataram que para a asfixia foi usada muita força. Chama a atenção por serem todas meninas novas. Também vamos investigar a motivação do crime e se houve intenção de matar – afirma o delegado Leonel Baldasso, responsável pela investigação do caso.
No boletim de ocorrência, uma das adolescentes envolvidas na briga relata que Marta puxou os cabelos de uma das colegas quando o tumulto começou. Ao tentarem apartar, as outras duas meninas perceberam que Marta começou a tremer e convulsionar. Outro relato aponta que Marta teria se ofendido ao ter entendido que colegas tinham a chamado de "feia", o que teria dado início à briga.
A versão das adolescentes é de que houve puxões de cabelo e agressão entre Marta e uma outra menina, briga que teria sido apartada pelas outras duas jovens. Porém, o laudo do DML afirma que houve estrangulamento com o braço. As adolescentes foram intimidas para depor nesta sexta-feira. O delegado não descarta a participação de outras pessoas na morte:
– Como existiu um estrangulamento com força bruta e foi algo que ocasionou lesões nos nervos do pescoço, pode indicar a participação de alguém com mais força do sexo masculino.
Na tarde desta quarta-feira, uma adolescente conversou com a reportagem. De família simples, mora com a mãe e um irmão pequeno. Com personalidade, repetiu a versão apresentada à polícia.
– A Marta achou que tinha sido chamada de feia e foi para cima de uma das meninas. Isso aconteceu na frente de toda turma. Outra colega tentou apartar e ela e Marta caíram. Aí a Marta começou a passar mal – disse ela.
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A adolescente afirma que nunca havia se envolvido em confusões e que não entende por que foi chamada a depor.
– Eu tenho medo de brigas. Fiquei só olhando. Acho que me chamaram porque eu era a que estava mais próxima – diz.
O avô, que passa as tardes com ela, defende a neta.
– Ela é uma menina que não dá trabalho. Não é mesmo de briga – diz.
Professores da antiga escola dizem que Marta "jamais puxaria briga"
Professora de Português de Marta na Escola Estadual de Ensino Médio Cristóvão Colombo, no ano passado, Valesca Simões, garante que a menina "jamais puxaria uma briga na escola". Tinha boas notas e era educada:
– Era uma aluna quieta, na dela, tudo que se pedia ela fazia. Não estou acreditando nisso.
A professora Mary Jane Côrrea, que também era vizinha de Marta no bairro Sarandi e a conhecia desde criança, não lembra de nenhum problema que a menina já tenha se envolvido no ambiente escolar:
– É algo sem explicação. Era uma excelente aluna. E é difícil ver hoje em dia um aluno que não retruca o professor, que não é indisciplinado.