O policiamento segue ocorrendo normalmente no Rio de Janeiro, apesar de informações divulgadas nas redes sociais nos últimos dias anunciando que a Polícia Militar faria uma paralisação, nesta sexta-feira. Havia o temor de que os militares ficariam nos quartéis, como ocorre há quase uma semana em Vitória.
Segundo o porta-voz da corporação, major Ivan Blaz, os únicos pontos com sensibilidade no patrulhamento são os bairros da Tijuca e Olaria, ambos na zona norte da capital carioca.
Nas maioria das unidades operacionais da Polícia Militar do Estado do Rio de Janeiro, no entanto, o policiamento transcorre sem problemas. O batalhão de Volta Redonda, no Médio Paraíba, é que teve o maior número de familiares de policiais na porta de entrada da unidade, mas sem impedir a saída dos carros para o patrulhamento na cidade. Em outras unidades na capital fluminense, o número de parentes é reduzido e ninguém tentou impedir a saída das equipes para o patrulhamento de rotina.
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Como medida de prevenção e conscientização da tropa, todos os comandantes das unidades da Polícia Militar permaneceram nas unidades operacionais da quinta-feira para esta sexta com a finalidade de explicar aos comandados a importância da tropa nas ruas.
Em nota, a Polícia Militar informou que "a manifestação de esposas e parentes de policiais militares que acontece em algumas unidades da PM segue pacífica. O patrulhamento está normal em todo o estado". O Comando-Geral da PM informou, na quinta-feira, por meio de sua assessoria de imprensa, que "tem mantido diálogo com a tropa sobre as graves consequências que envolvem uma paralisação". De acordo com a PM, os comandantes de unidades estão procurando conscientizar seus policiais sobre "os males incalculáveis e irreparáveis que a ausência do serviço essencial prestado pela instituição causaria à população, incluindo suas próprias famílias".
PM faz apelo usando redes sociais
O porta-voz da corporação, major Ivan Blaz, gravou um vídeo na página oficial da PM nas redes sociais, fazendo um apelo para que a saída dos militares dos batalhões não fosse impedida por parentes dos policiais. Ele cita que mais de 100 pessoas morreram no Espírito Santo, desde o último sábado.
– Família policial militar, estamos cientes das manifestações a serem realizadas diante de nossas unidades. Mas é fundamental que não esqueçamos o que está acontecendo no nosso estado vizinho. No Espírito Santo, em poucos dias, mais de 100 pessoas foram mortas, incluindo policiais e seus familiares – disse o oficial.
Blaz diz também que reconhece a situação difícil para a tropa, por conta da crise financeira no estado.
– Sabemos que a nossa situação é difícil e complexa, mas não podemos permitir de forma alguma que esse cenário de barbárie chegue às nossas casas, chegue às nossas famílias. Todos estão percebendo o clamor público para que continuemos atuantes. Senhores, isso mostra a nossa importância. Mas impedir que o policiamento ganhe às ruas é lançar à própria sorte não só a sociedade como um todo, como também os nossos familiares – explicou.
Transportes têm dia normal
A cidade do Rio de Janeiro continua com a rotina normal. Os transportes públicos, como barcas, trens e metrô, funcionam sem problemas, nesta sexta-feira.
Os ônibus urbanos e intermunicipais também circulam normalmente pelos bairros do Rio, Baixada Fluminense e interior do Estado.
Protestos
Os familiares de policiais se concentram em cerca de 10 unidades da PM em todo o Estado do Rio. Entre elas, estão o Batalhão de Choque, no centro, o 6º Batalhão, na Tijuca (zona norte), o 18º Batalhão, em Jacarepaguá (zona oeste), o Comando de Polícia Pacificadora, no complexo do Alemão (zona norte), e unidades da Baixada Fluminense, como em Belford Roxo.
Às 6h, 16 mulheres tentavam interditar a porta da sede do Batalhão de Choque da Polícia Militar do Rio, trajando camisetas com as palavras "basta" e "dignidade" e portando faixa com a inscrição:
"Eles não podem! Nós podemos! Familiares em apoio ao policial militar. Sangue e vitória".
Além disso, elas cobravam, em cartazes, o pagamento do 13º salário, ainda não pago pelo governo do Estado. As mulheres se organizaram por grupo de Whatsapp e informam que pretendem protestar por tempo indeterminado.
– Se o governo não paga, não vai ter mais policiamento – afirmou uma das manifestantes.
Elas não querem ser identificadas, alegando que isso poderá gerar algum tipo de represália aos maridos.