Poucos dias depois de a Brigada Militar (BM) mudar a estratégia de policiamento nos distritos do interior de Caxias do Sul, o ataque a uma agência bancária de Galópolis reforça o quanto é difícil garantir a segurança nas localidades mais afastadas da área urbana. A ação no Banrisul, na Rua Hércules Galló, aconteceu pouco antes das 3h desta quarta-feira. Bandidos implantaram explosivos e destruíram a área dos caixas eletrônicos. O atendimento ao público no banco está temporariamente suspenso devido ao roubo.
O comerciante Valderes Humberto Toniolli, 53 anos, que mora a 50 metros da agência, acordou com o estrondo:
– Não foi só uma explosão, parecia uma bomba. Depois, vi uma fumaceira no banco – conta Toniolli.
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Da janela de casa, o comerciante avistou ainda dois homens recolhendo dinheiro. Os bandidos haviam arrastado um caixa eletrônico para fora. Cerca de cinco minutos depois da explosão, a dupla fugiu numa moto em direção à BR-116. A quantia levada não foi divulgada.
Uma idosa de 81 anos, que também mora perto do banco, diz ter acordado com um barulho tão forte que sentiu tremer a moradia.
– Não consegui dormir mais depois disso tudo. Que dia difícil estamos vivendo – conta a mulher, que pediu o anonimato.
Há anos, ladrões têm agido contra o Banrisul de Galópolis. Em 2010, por exemplo, criminosos entraram no prédio da subprefeitura e arrebentaram uma parede para acessar o banco, que funcionava junto à subprefeitura. Em 2014, logo após um arrombamento num caixa eletrônico, o posto foi transferido para a Rua Hércules Galló e virou uma agência. Segundo moradores, essa seria o primeira investida criminosa que deu certo no novo endereço – em setembro do ano, houve apenas uma tentativa frustrada.
– É complicado morar perto de um banco. Claro, tu nunca espera por isso, mas fica com medo. Já atacaram várias vezes – diz Toniolli.
O presidente da Associação de Moradores (Amob) de Galópolis, Olivir José Nava, lembra que diversas reuniões com a Guarda Municipal e a Brigada Militar, entre outros órgãos, debateram a insegurança na comunidade. A resposta, porém, esbarra na falta de efetivo.
– Esse foi o assalto de estreia, digamos assim. Sabemos que o efetivo está reduzido, fica precário o atendimento – lamenta Nava.
Na semana passada, o 12º Batalhão de Polícia Militar (12º BPM) anunciou que PMs que atuam nos distritos ficarão responsáveis apenas pelo policiamento das áreas onde atuam. A medida é uma resposta contra assaltos a residências e abigeato, entre outros crimes. Até então, as equipes precisavam fazer patrulhamento também na área central de Caxias do Sul, o que deixava os distritos desassistidos. Agora, os PMs podem se concentrar apenas no atendimento às localidades. Galópolis é atendida pelo PMs que moram em Vila Cristina.
– Vamos procurar as autoridades policiais e ver o que pode ser feito. Estamos descobertos aqui. Na 4ª Légua, por exemplo, tem muito assalto, arrombamento. Está bem difícil – reforça a subprefeita de Galópolis, Ivete Zinani Marchi.