Preso sob suspeita de se associar a grupos criminosos que atuam no roubo e na revenda de cargas, o delegado Omar Abud, 50 anos, é conhecido por ter comandado as principais delegacias especializadas da Polícia Civil.
Ingressou na corporação há 28 anos, como agente, e se tornou delegado em 1990. Atuou nas delegacias de Roubos, Homicídios, Capturas e Furto e Roubo de Veículos, entre outras, do Departamento Estadual de Investigações Criminais (Deic).
Leia mais:
Delegado e comissário são presos por financiar quadrilha de roubos de cargas
Por que a investigação contra delegado e agente da Polícia Civil está sob sigilo
MP diz que delegado estava no topo da quadrilha de roubos de carga
É delegado de 4ª classe, ou seja, o topo da carreira dentro da corporação, com salário bruto de R$ 22,4 mil. Atualmente, comandava a 17ª DP, no centro de Porto Alegre. Ele também foi instrutor de tiro na Academia da Polícia Civil (Acadepol). Nos últimos anos, passou por delegacias de bairro, como a 12ª DP, a 22ª DP e a 15ª DP.
Entre os colegas, é visto como um delegado atuante, com perfil de rua, ou seja, de participar de ações junto com suas equipes, o chamado "linha de frente".
– O fato nos surpreende e é muito constrangedor para nós como associação e como colegas – disse Wilson Müller Rodrigues, vice-presidente da Associação dos Delegados (Asdep).
Abud estava afastado da atuação em investigações de crime organizado, feitas pelo Deic, desde 1999, quando era titular da Furtos e Roubos de Veículos e, juntamente com outros delegados, colocou o cargo à disposição devido a divergências com o comando da pasta da Segurança Pública.
Dois anos depois, em 2001, Abud foi indiciado por corrupção passiva e prevaricação no relatório final da CPI da Segurança Pública, instalada para investigar a política de segurança do governo Olívio Dutra (PT). A comissão também apurou carências na área. Entre os 12 fatos elencados para justificar a CPI, estavam a desestruturação do aparelho policial, o sucateamento do Instituto Geral de Perícias (IGP) e o fechamento de delegacias.
A assessoria de imprensa do Ministério Público informou que tem de fazer uma busca para saber se o indiciamento pela CPI teve desdobramentos junto ao MP. A Polícia Civil também está verificando se Abud respondeu a algum procedimento interno decorrente do que foi apurado pela CPI.
Outros policiais indiciados pela CPI e acusados pelo MP responderam a processo judicial e foram absolvidos. A polícia também não informou ainda se o delegado Abud já foi alvo de outras apurações funcionais durante a carreira.