A ordem de fuga pelo túnel que chegaria ao Presídio Central já estava definida pela facção que encomendou a obra, conforme detalhou a Polícia Civil na tarde desta quarta-feira. Primeiro sairiam da casa prisional os líderes da organização criminosa, seguidos pelo seus subordinados. Depois, a quadrilha permitiria evasões de outros detentos, mediante pagamento. O preço de cada fuga não foi revelado pela polícia, mas informações extraoficiais dão conta de que cada saída custaria R$ 5 mil.
– Estimamos que o investimento total para construção do túnel ultrapasse R$ 1 milhão, e eles (beneficiários) teriam que ter esse retorno de alguma forma – disse o delegado Rafael Soares Pereira, que comandou a apuração pelo Departamento Estadual de Investigações do Narcotráfico (Denarc).
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O túnel, que tinha 47 metros de extensão, estava a cerca de 20 metros do muro do presídio e a 60 da primeira galeria, conforme estimativa da Polícia Civil.
Monitorados por aproximadamente quatro meses, os responsáveis pela execução da obra passaram a agir de forma diferente nesta semana, quando levaram para a casa utilizada como apoio eletrodomésticos como fogão e geladeira. Para os delegados, o grupo intensificaria o trabalho para concluir o serviço no Carnaval. No imóvel foram apreendidos diversos equipamentos, entre eles ar-condicionado portátil e um GPS, que guiava os escavadores na direção correta.
– Eles estavam na iminência do "gran finale" – admitiu o diretor de investigações do Denarc, delegado Mario Souza.
O secretário da Segurança Pública, Cezar Schirmer, elogiou a atuação dos policiais e comparou a crise pela qual passa o Rio Grande do Sul a uma guerra:
– Estamos em guerra. E, nessa guerra, hoje tivemos uma grande vitória – ressaltou.
Obra que não aparecia despertou desconfiança da polícia
As primeiras desconfianças da Polícia Civil surgiram quando perceberam que na casa simples nos arredores do Presídio Central havia movimentação constante de equipamentos de obras, mas nada acontecia. Não havia obra. Pessoas entravam e saíam, equipamentos chegavam, mas a obra não era vista. Veículos de outros municípios também eram vistos com frequência na região. O cerco de fechou e culminou na ação desta quarta-feira.