Dois veículos foram queimados em um intervalo de menos de uma hora em Natal, na tarde desta quarta-feira. A capital potiguar vive uma crise no sistema penitenciário com uma rebelião que matou 26 pessoas na Penitenciária de Alcaçuz, no sábado passado. A Polícia Militar informou à reportagem que os crimes têm relação com a disputa entre as facções.
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De acordo com o tenente Emerson Menezes, do 1º Batalhão da PM, responsável pelo patrulhamento na zona leste, um carro a serviço do governo teve um princípio de incêndio após criminosos abordarem e expulsarem o motorista. Segundo o oficial, testemunhas informaram que os suspeitos pareciam menores. O ataque aconteceu em Mãe Luiza, onde 30 minutos depois, nas imediações da Praia do Meio, um ônibus também foi atacado.
– Cinco suspeitos com rostos cobertos entraram e mandaram o motorista descer, ateando fogo no veículo na sequência – disse o tenente.
Os incêndios criminosos, de acordo com a polícia, teriam relação com a disputa entre o Primeiro Comando da Capital (PCC) e o Sindicato do Crime (SDC), facção potiguar rival e aliada ao Comando Vermelho.
– Eles fazem isso para demonstrar poder de fogo e para intimidar. Mas a PM está na rua e vamos prender esses criminosos – informou Menezes.
Questionado se o ato teria relação com a briga em Alcaçuz, o tenente disse que "está tudo ligado".
Em frente à penitenciária, no início da noite, mulheres protestavam contra a suposta transferência de membros do SDC para outra unidade, pedindo que fossem os integrantes do PCC que deixassem a unidade.
Elas chegaram a colocar fogo em entulhos na frente do presídio e foram dispersadas por policiais militares, que usaram spray de pimenta e dispararam para o alto, e agentes da Força Nacional, que reforçam a segurança do local.
Elas repetiam que, caso a transferência se concretizasse, Natal ia viver uma noite de ataques perpetrados por membros do SDC que estão fora das cadeias.
A facção é apontada como a responsável por 108 ataques, entre eles incêndios contra veículos, em 38 cidades do Estado entre julho e agosto do ano passado em reação à instalação de bloqueadores de sinal de celular na Penitenciária de Parnamirim, na Grande Natal.
*Estadão Conteúdo