O governador do Rio Grande do Norte, Robinson Faria, pediu nesta quinta-feira o "envio imediato" de tropas federais a Natal, capital do Estado, confrontada com uma rebelião carcerária e distúrbios provocados pela guerra entre facções criminosas.
–Pedi ao presidente Michel Temer para autorizar o envio imediato, para hoje, das Forças Armadas, do Exército, da Marinha, para ocupar as ruas de Natal – disse o governador, em declarações à rádio CBN.
Ainda não há informações sobre a resposta do presidente ao pedido do governador do Rio Grande do Norte. Nesta semana, Temer autorizou o uso das Forças Armadas para fazer vistorias em presídios de Estados que fizerem o pedido.
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A rebelião na Penitenciária Estadual de Alcaçuz, na Grande Natal, chegou ao sexto dia e se agravou nesta quinta-feira. Presos de diferentes facções entraram em confronto depois de detentos voltarem ao teto de ao menos três pavilhões da unidade.
Do lado de fora, muitos tiros disparados por policiais militares e agentes penitenciários eram ouvidos durante a manhã, assim como o barulho de bombas de efeito moral. Aglomerados próximo ao pavilhão no sábado, 26 presidiários foram mortos, os presos foram dispersados após os disparos de armamento não letal. De cima de um dos pavilhões, um preso gritava pela atenção da PM pedindo que liberasse o acesso para que os próprios presos "dessem um jeito".
A guerra das facções chegou às ruas. A Secretaria da Segurança Pública e da Defesa Social do Rio Grande do Norte registrou 28 ocorrências de ataques a ônibus, terminais urbanos, viaturas do governo, delegacias e outros prédios públicos na capital e em outras cinco cidades potiguares desde a tarde de quarta-feira. Foram incendiados 21 ônibus; seis carros e um caminhão. Sete pessoas foram detidas e conduzidas a delegacias.
Segundo o secretário de Segurança Pública, Caio Bezerra, a possível relação dos ataques com a transferência de presos da Penitenciária Estadual de Alcaçuz, ontem, ainda está sendo investigada.
– As nossas forças de segurança estão mobilizadas para garantir a normalidade nas ruas e as investigações sobre possíveis retaliações já estão sendo feitas.
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Há seis dias, as autoridades de segurança pública estaduais tentam retomar o controle do presídio, localizado na região metropolitana de Natal. A onda de ataques levou rodoviários e empresas de transporte urbano a recolherem os ônibus desde as 18h de quarta-feira. Veículos voltaram a circular no início da manhã desta quinta-feira, mas com atrasos. Segundo o Sindicato dos Trabalhadores e Transportadores Rodoviários (Sintro-RN), alguns ônibus saíram das garagens escoltados por viaturas policiais.
Desde o último final de semana, a Penitenciária Estadual de Alcaçuz é palco de confrontos e ameaças entre presos membros de facções criminosas rivais. De sábado para domingo, pelo menos 26 presos foram assassinados por outros detentos durante uma rebelião de mais de 14 horas de duração. Desde então, presos circulam livremente pelo pátio da unidade, portando facas, barras de ferro e paus. As autoridades estaduais de segurança pública desconfiam que o número de mortos no confronto entre presos pode ser maior e que corpos podem ter sido jogados em fossas de esgoto na área interna do presídio.
O governo do Rio Grande do Norte pediu ao governo federal o envio de equipes das Forças Armadas para auxiliar as forças locais a inspecionarem o interior dos presídios estaduais em busca de armas, aparelhos celulares, drogas e outros produtos e substâncias proibidas. Tropas da Força Nacional de Segurança Pública também já atuam no estado desde setembro do ano passado, auxiliando a Polícia Militar no policiamento ostensivo.