O homem que rendeu uma mulher e a filha dela de seis anos e as manteve em cárcere privado em Charqueadas, foragiu do sistema prisional onde cumpre pena por estuprar e matar a própria sobrinha de quatro anos.
O assassinato aconteceu em 2004, no bairro Hípica, na zona Sul de Porto Alegre. Paulo Cesar dos Santos Vieira, 31 anos, já havia progredido para o regime semiaberto na Penitenciária Estadual de Jacuí (PEJ), de onde escapou na manhã desta terça-feira.
Após 17 horas mantendo a moradora Rita Ramos, 35, como refém, o foragido a liberou e se entregou às 4h15min desta quarta-feira. A filha havia sido libertada durante a tarde de terça.
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Paulo Cesar foi autuado em flagrante por cárcere privado e ameaça com o agravante de uma das vítimas ser menor de idade. Até a tarde desta quarta-feira, permanecia detido na delegacia de Charqueadas aguardando vaga no sistema prisional. O delegado que investiga o caso, Marco Aurélio Schalmes, pretende ouvir o depoimento de Rita nesta quinta-feira.
Motivo da fuga seria dívida de R$ 30 mil
O criminoso relatou à polícia que fugiu da PEJ porque tinha dívida de aproximadamente R$ 30 mil com uma facção e que teria visto pessoas ligadas ao grupo criminoso circulando na volta da penitenciária. Ele disse não conhecer Charqueadas e que escolheu as vítimas aleatoriamente. O delegado investiga se Paulo Cesar manteve a vítima em cárcere para atrair a atenção da Brigada Militar e facilitar o desfecho de outro crime na região.
– Ele não sabe justificar porque ficou tanto tempo com a vítima. Estou averiguando a questão de ter recebido alguma ordem – avaliou Schalmes.
O coronel Paulo Ricardo Quadros, que comandou as negociações com o criminoso durante o cárcere, convocou policiais que estavam de folga para reforçar o policiamento na região e evitar outro possível crime. Os policiais patrulharam as estradas, fizeram bloqueios e garantiram a segurança de agências bancárias. Uma audiência chegou a ser cancelada em um fórum da região.
Criminoso estava armado com faca e estilete
Segundo o coronel, o criminoso manteve contato com outra pessoa pelo celular até as 21h. Nas três vezes em que deu sinais de que liberaria a mulher, recuou para aguardar ordens. A conversa com a polícia acontecia pelo telefone, já que ele estava num cômodo da casa de difícil comunicação. Paulo César estava armado com uma faca e um estilete.
Passado as 23h de terça-feira, a polícia cortou as regalias que até então estavam sendo consideradas na negociação, como garrafas de água e cigarro. Segundo Quadros, os negociadores forçaram o desgaste do criminoso. Depois deste horário, ele não recebeu mais ligações no celular. Às 4h15min, Paulo Cesar se entregou. O criminoso destrancou a porta e aguardou a entrada da polícia de costas. A vítima foi levada para o hospital em estado de choque, mas já está em casa e passa bem.