Com 34 mil presos, mas apenas 24 mil vagas disponíveis em cadeias, o sistema prisional gaúcho está em colapso. O déficit de 10 mil vagas para detentos se reflete na insegurança enfrentada pela população, pelo aumento de crimes com emprego de violência por parte dos bandidos e por atos extremos na tentativa de manter suspeitos de crimes detidos.
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De 19 de outubro até este sábado, um mês se passou e diferentes episódios foram protagonizados por agentes da segurança pública que deveriam apenas encaminhar os detentos às delegacias.
19.10
As consequências do caos provocado pela superlotação do Presídio Central e das principais penitenciárias do complexo de Charqueadas, que já afetavam as carceragens da Polícia Civil, passaram a atingir o policiamento ostensivo. Em 19 de outubro, uma viatura da Brigada Militar (BM) e outra da Guarda Municipal de Porto Alegre abrigavam presos, uma vez que as celas da 2ª e da 3ª Delegacias de Polícia de Pronto Atendimento (DPPA) estavam lotadas. Os veículos permaneceram estacionados até a manhã do dia seguinte junto à 3ª DPPA, na Zona Norte. Na viatura da BM, dois policiais do 19º BPM faziam a escolta de dois presos por tráfico de drogas.
6.11
Presos que estavam sendo mantidos na carceragem DPPA de Canoas atearam fogo na cela. Uma policial passou mal ao inalar fumaça no combate ao incêndio e teve de ser socorrida no hospital. Presos batiam nas grades das celas e ameaçavam matar outros detidos.
7.11
No dia seguinte, o secretário da Segurança Pública, Cezar Schirmer, admitiu que estava em estudo, e com boa possibilidade de ser adotado, o uso de contêineres para abrigar detentos recém-ingressos no sistema prisional.
9.11
Dois presos foram algemados a uma lixeira em frente ao Palácio da Polícia, em Porto Alegre, onde passaram parte da madrugada. Tratavam-se de foragidos que foram detidos durante abordagem policial.
10.11
Por medida de segurança e para não expor os presos, o comandante-geral da Brigada Militar, coronel Alfeu Freitas Moreira, orientou o policiamento para que mantivesse as viaturas com os presos em ruas menos movimentadas de Porto Alegre.
16.11
Depois da superlotação de celas nas DPPAs, do uso de viaturas da Brigada Militar para manter presos sob custódia e até do extremo de um preso algemado a uma lixeira, uma nova forma de custódia de preso foi vista diante da 2ª DPPA, no Palácio da Polícia. Desta vez, um preso foi mantido dentro do micro-ônibus do 21º BPM.
19.11
Para evitar exposição e constrangimento, um micro-ônibus da BM que abrigava presos à espera de vagas em cadeias ficou estacionado no pátio do Palácio da Polícia. Insatisfeitos, os seis detidos quebraram janelas e estragaram bancos do veículo, que ficou depredado em seu interior. Os presos pediam transferência, pois haviam passado a noite no veículo. Mesmo após a revolta, eles seguiram algemados dentro do micro-ônibus por algumas horas e foram autuados por depredação. Dentro da carceragem, outros detidos atearam fogo a roupas e protestaram contra as condições do local.