O taxista Daniel Esmiller Bastos Ramires, de 29 anos, morto na noite de sexta-feira em Porto Alegre estava irregular e não poderia estar dirigindo táxi, segundo a Empresa Pública de Transportes e Circulação (EPTC).
De acordo com o órgão, ele possuía documento para conduzir táxis, o chamado "carteirão". No entanto, o documento não estava cadastrado com nenhum táxi na Capital, segundo o diretor-presidente da EPTC, Vanderlei Cappellari.
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Além disso, quando o documento fosse revisado pela EPTC, seria suspenso, já que Ramires tinha antecedentes incompatíveis com o trabalho de taxista.
– Ele tinha o carteirão com a permissão ativa, pois o carteirão dele era do ano passado. Só que o carteirão não estava relacionado com nenhum prefixo para conduzir táxi, ou seja, isso é irregular. Possivelmente, quando ele fosse apresentado por algum permissionário, como é o correto, ele seria vetado por causa dos antecedentes– disse Cappellari.
Conforme a EPTC, desde o dia 5 de janeiro, está impedido o ingresso e a renovação de cadastro de taxistas que tiverem antecedentes por delitos contra a vida, contra a administração, dignidade sexual, hediondos, de roubo, furto, estelionato, receptação, formação de quadrilha, sequestro, extorsão e tráfico de drogas.
Uma investigação online tem sido feita através do sistema de consultadas integradas da Secretaria de Segurança.Segundo a empresa, dos 10,4 mil taxistas, sete mil já foram verificados, sendo que 500 deles foram excluídos dos táxis.
Comprovados os antecedentes, os taxistas são chamados para devolver o "carteirão" e serão excluídos imediatamente. Mas como o processo de análise ainda não foi concluído, o nome de Daniel estava, segundo a EPTC, entre os três mil que ainda não foram analisados.
– Esse trabalho de revisão está dentro de um tempo razoável, adequado, pois não temos só as revisões, temos também análise de novos ingressos – explicou Cappellari.
Daniel foi atingido por cerca de dez tiros na Rua Luís Lederman, no Bairro Jardim Ypu. De acordo com a polícia, o taxista morto tinha antecedentes criminais por receptação e apropriação indébita. Agora, a EPTC irá chamar o permissionário do táxi em que Daniel estava.
A empresa quer ouvir as explicações do permissionário para saber por que o taxista morto estava conduzindo o veículo sem estar cadastrado. Um processo administrativo será aberto e o permissionário deverá receber alguma sanção, que pode ser multa ou suspensão.
O diretor do Departamento de Homicídios da Polícia Civil, delegado Paulo Grillo, afirma que as circunstâncias indicam que houve uma execução. As causas são apuradas. Equipes farão diligências ao longo do sábado para verificar testemunhas, câmeras de segurança e outros elementos que auxiliem nas investigações.
Conforme a equipe da polícia que atendeu a ocorrência, após ser baleado três vezes pelas costas, o taxista tentou fugir e colidiu a traseira do carro em uma árvore. Nesse momento, o autor do crime efetuou os demais disparos do lado de fora, pela frente do carro.
Ainda não há informações sobre onde o autor dos disparos abordou o taxista. O criminoso fugiu do local sem levar o dinheiro do taxista. A 5º Delegacia de Homicídios e Proteção a Pessoa abriu inquérito.