No começo da manhã do sábado, 19 de março, em plena Avenida Sertório, Zona Norte da Capital, pelo menos 50 disparos de submetralhadora 9mm e pistola .40 derrubaram, ao melhor estilo mafioso, Marcos Rogério dos Santos Guedes, o Porcão, 39 anos, apontado pela polícia como um dos cabeças dos Bala na Cara. Seis meses depois, a polícia continua sem respostas para o crime que deixou evidente o conflito entre facções pelas ruas de Porto Alegre. Mais do que um caso sem solução, é a demonstração de que as autoridades de segurança ainda patinam para frear o poder dos grupos que fazem a matança na cidade.
Agora, meio ano depois daquele crime, o reforço para sufocar as facções está nas ruas, com os agentes da Força Nacional de Segurança. O comando da Brigada Militar antecipa: não é uma medida definitiva.
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– Nossa estratégia é de reprimir essas quadrilhas. Temos a consciência de que essas facções não vão acabar, porque o consumo da droga não reduz e é isso que dá o lucro para eles. Mas creio que vamos frear os homicídios – explica o comandante do policiamento da Capital, coronel Mario Ikeda.
Conforme o levantamento do Diário Gaúcho, pelo menos 38 dos 83 bairros da Capital sofrem algum tipo de consequência da presença de facções criminosas (veja mapa abaixo). O mesmo levantamento foi feito no ano passado, e os grupos atuavam em 32 bairros. São pelo menos 63% dos moradores da cidade afetados de alguma forma pela violência dos grupos em conflito. Estes bairros concentram 75% (413) dos mais de 547 assassinatos já registrados este ano em Porto Alegre.
– O silêncio é absoluto. Confrontamos imagens, depoimentos de algumas testemunhas, informações de inteligência e até o momento não é possível chegarmos a qualquer conclusão. Ao que tudo indica, ele foi morto por criminosos de algum grupo rival, mas não podemos descartar até mesmo um golpe interno na facção – afirma o delegado Adriano Melgaço, que investiga a morte do Porcão pela 2ª DHPP.
Porcão foi morto dias depois daquela que prometia ser uma medida efetiva para desarticular as facções criminosas em guerra. Líderes da quadrilha dos V7 – André Vilmar Azevedo de Souza, o Nego André – e dos Bala na Cara – Cristian dos Santos Ferreira, o Nego Cris – haviam sido transferidos para a Pasc, e parecia que os confrontos haviam acalmado. A morte de uma das peças-chave na engrenagem dos Bala, no entanto, só fez o confronto Bala x Antibala se espalhar ainda mais pela cidade.
– É um confronto diferente do que costumamos encontrar em guerras do tráfico. Não é uma disputa por pontos, mas uma batalha para mostrar quem tem mais poder. A meta é atingir o rival e enfraquecê-lo – afirma o diretor de investigações do Denarc, delegado Mario Souza.
Em março, conjuntamente à transferência dos dois líderes, foi implantada a Operação Avante na cidade. Não foi suficiente para reduzir os assassinatos.