Uma tentativa de roubo próximo a estação rodoviária de Caxias do Sul terminou com um assaltante baleado na manhã de sexta-feira. A vítima era um sargento da reserva da Brigada Militar (BM), de 47 anos, que dava uma carona para a filha, 25. Dois bandidos conseguiram fugir. O criminoso ferido foi identificado como Felipe de Oliveira, 21. Ele é mais um exemplo da sensação de impunidade que impulsiona a criminalidade e assusta a comunidade.
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O sargento da BM, que prefere não ser identificado, está aposentado há pouco mais de um ano. Antes, trabalhou por 32 anos para manter a ordem pública. Menos de 10 horas após o confronto, ele relatou a ação criminosa e admite preocupação quanto a falta de investimentos em segurança pública.
Pioneiro: Como foi o confronto?
Sargento da reserva: Fui levar minha filha, que trabalha em um hospital de Bento Gonçalves. Só que, quando parei o carro, apareceu um cara grudado na porta do carona. Como sei que a região é complicada, eu carregava a minha pistola no cintura. Ele viu que puxei a arma e levantou os braços. Eu não vi que tinham mais (assaltantes) e, quando abri a porta, já ouvi um tiro. Então, desci atirando. Ouvi quando a arma dele falhou duas vezes e atirei de novamente. Um tiro dele atingiu a porta do carro. Foi aí que vi este terceiro (ladrão) e atirei contra ele. Ele caiu e os outros fugiram. Eu voltei para atender minha filha, que estava muito nervosa. Foi tudo muito rápido.
Como o senhor vê esta crise da segurança pública?
Está cada vez pior. No caminho, passamos por uma viatura da BM e, depois, vimos uma da Polícia Civil saiu da Rodoviária. Mesmo com as viaturas rodando pela região, eles continuam assaltando. O respeito e o medo acabaram. Eles entram e saem do presídio na mesma hora. Não acontece nada. Para eles, estar aqui fora ou lá dentro (do presídio) é a mesma coisa. Esse é o maior problema.
Andar armado faz com que o senhor se sinta mais seguro?
Tem que ter treinamento. Mas, neste caso, foi uma questão de sorte eu não ter sido atingido. A arma dele falhou duas vezes. Depois, foi a minha reação imediata, onde eu saí atirando. Só que não é uma decisão simples. É de cada pessoa. Tem quem paralisa ou demora a cair a ficha. Mas, na minha situação, acredito que teria sido pior se não tivesse reagido. Pois, quando eu desci, ele já atirou.
Você sempre leva sua filha?
Se não vou eu, é o meu genro. Já aconteceu uma situação parecida. Um cara chegou na porta querendo o dinheiro, mas eles (a filha e o genro) conseguiram espantar só com gritos. Desta vez, eles estavam preparados. Era uma ação combinada entre três. A minha sorte é que não estavam todos armados. Ou teria sido muito pior.
Como o senhor acompanha este momento de insegurança?
A tendência é piorar. Todo ano estão saindo mais policiais. Só se faz segurança com efetivo. Se não tiver ninguém, não tem como dar uma resposta. A BM faz o possível e o impossível, mas não dá para estar em todos os lugares. O pessoal está fazendo o máximo que dá, mas este máximo está sendo insuficiente.
Como está o pós-crime?
Estraga o dia do cara. Eu, que tenho algum preparo, ainda fico meio receoso. A minha filha ficou extremamente nervosa. Estava apavorada. Não foi para o trabalho porque não tinha condições nenhuma. É uma situação extremamente degradante. E há pessoas que apanham, são humilhadas ou feridas. É muito difícil. Está ficando insuportável (a insegurança pública).