Foi por meio da imersão em festas e bares frequentados pela classe média e alta do Rio Grande do Sul que agentes do Departamento Estadual de Investigações do Narcotráfico (Denarc) conseguiram dar início à operação que culminou na desarticulação de uma das principais redes de tráfico de drogas sintéticas do Estado.
Deflagrada na manhã desta quarta-feira, a ação – que ocorreu simultaneamente em cinco Estados – resultou na prisão de pelo menos 29 pessoas, além da apreensão de diversos tipos de substâncias ilícitas e armamentos.
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A investigação que levou a polícia do Rio Grande do Sul a identificar os líderes da complexa rede demandou o esforço de centenas de agentes que, através de um mandado de busca e apreensão realizado em outubro de 2015 em Capão da Canoa, no litoral norte do Estado, começaram a estabelecer as conexões da rede de tráfico.
A partir das informações iniciais, os agentes passaram a frequentar festas que eram realizadas principalmente na região litorânea durante o período de final de ano e férias de verão. Infiltrados como frequentadores destes eventos, começaram a estabelecer contato com os principais fornecedores das drogas, identificando os valores, as substâncias que eram comercializadas em maior quantidade – ecstasy, MDMA, cocaína e LSD –, assim com os responsáveis pela distribuição.
Descritos pela polícia como jovens de classe média e alta, os traficantes fogem do esteriótipo do criminoso padrão.
– O nome da operação, batizada Reflexo, se deve exatamente ao fato de estes jovens aparentarem serem pessoas comuns da sociedade, muitos deles professores de academias, estudantes, produtores de eventos, entre outros, mas manterem uma vida em paralelo com a profunda atividade no narcotráfico – destaca o delegado Thiago Lacerda, titular da 2ª Delegacia do Denarc, que coordenou a operação.
Dezenas de agentes passaram a frequentar os mesmos locais e círculos de amizades dos traficantes durante meses, principalmente em Porto Alegre, até chegarem ao principal polo da quadrilha, que ficava localizado em Balneário Camboriú, em Santa Catarina.
– Vimos que havia vários gaúchos e pessoas de outros Estados radicadas na cidade catarinense. Todos eles de grande poder econômico, mantendo boas relações com pessoas de grande cunho financeiro. Era dessa forma que estabeleciam a rede de venda das drogas – afirma Lacerda.
Conforme o delegado, as drogas chegavam ao país principalmente pelo Uruguai, Paraguai e Europa, eram armazenadas em Santa Catarina e distribuídas para os demais Estados (RS, SP, GO e MS). As vendas eram feitas principalmente em eventos de música eletrônica.