Em meio a ofertas de carros, smartphones, móveis e eletrodomésticos, membros de grupos em redes sociais oferecem notas de dinheiro falsificadas. Nos anúncios obtidos pelo Diário Gaúcho – enviados por capturas de tela de celular feitas por leitores –, dependendo da quantidade comprada, o lucro do vendedor pode ser de até 11 vezes: R$ 1.100 falsos sendo vendidos por R$ 100 verdadeiros.
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Neste ano, até o fim de junho, a Polícia Federal recebeu de 12 a 18 denúncias, duas ou três por mês, todas referentes a perfis falsos. A estimativa é da chefe da Delegacia de Repressão a Crimes Fazendários, Maria Lúcia Wunderlich dos Santos.
– São poucas as pessoas que fazem, é difícil fazer uma falsificação boa. As falsificações grosseiras não passam com facilidade – diz.
As denúncias à PF podem ser feitas por meio do telefone (51) 3235-9013.
Segurança
Um dos falsificadores garante que as notas são "perfeitas", que passam "na caneta luz negra" e que são facilmente repassadas "em qualquer lugar". Outro diz que as "fakes" (falsas, em inglês) são ásperas e têm marca d'água. Conforme a delegada Maria Lúcia dos Santos, não é bem assim.
– Há cédulas que, pelo aspecto da cor, do tamanho, do recorte, são muito bem feitas. As grosseiras são mal-cortadas ou têm cor muito diferente das originais. Mas, todos os elementos de segurança que existem nas verdadeiras não são encontrados nas falsas.
Crime
A falsificação de moeda ou papel-moeda é crime e tem pena de reclusão de três a doze anos, além de multa. Está prevista no artigo 289 do Código Penal. A punição vale para quem fabrica e para quem repassa o dinheiro falsificado.
Segundo a delegada Maria Lúcia, nos casos de repasse de falsificações sem intenção de fazê-lo, a polícia analisa a circunstância em que se deu o fato.
– No tratamento de uma ocorrência dessas, vê-se o depoimento da pessoa, a conversa que teve (com quem iria receber o dinheiro), a reação que teve (ao ser avisado que a nota era falsa).
A delegada salienta que alguns comportamentos chamam atenção, como comprar um cachorro-quente com uma nota de R$ 100.
RS é o sétimo em notas falsas retidas
Anualmente, o Banco Central do Brasil (BCB) informa a quantidade de notas falsificadas retidas em cada estado. Até 30 de junho deste ano – último dado consolidado –, o Rio Grande do Sul aparece na sétima posição, com 11.725 cédulas.
Nesse período, o estado fica atrás de São Paulo (75.765), Rio de Janeiro (26.838), Minas Gerais (27.272), Ceará (20.407), Distrito Federal (15.363) e Paraná (12.098).
Em 2015, foram 22.301 notas falsificadas retidas, a menor quantidade para o período de um ano desde 2008, quando o BCB passou a divulgar.
Ao Banco Central, chegam notas falsas recolhidas em suas sedes e em agências bancárias espalhadas pelo país, além das falsificações apreendidas em operações da Polícia Federal. Tudo fica guardado no BCB à disposição da Justiça.
Saiba identificar notas falsificadas
As cédulas têm elementos de segurança que certificam sua veracidade. Todos as informações sobre a primeira família e a segunda família do Real estão disponíveis no site do Banco Central do Brasil.
As 11 características das notas de 2 e 5 reais da primeira família são marca d'água, fibras coloridas, impressão em alto-relevo, fundos especiais, microimpressões, registro coincidente, numeração, imagem latente, marca tátil, fibras luminescentes e microchancelas. As notas de 10, 20, 50 e 100 reais possuem um décimo-segundo elemento: o fio de segurança.
As cédulas da segunda família até oito elementos de segurança, dependendo da nota. Em todas, há marca d'água, quebra-cabeça, número escondido, microimpressões, alto-relevo e elementos fluorescentes. Faixa holográfica há apenas nas de 50 e de 100 reais. Número que muda de cor, nas de 10 e 20 reais. Fio de segurança, nas de 10, 20, 50 e 100 reais.
* Produção: Juliano Zarembski
