A Polícia Civil remeteu à Justiça, na última quarta-feira, o Procedimento Especial do Adolescente (PEA) que aponta dois rapazes como autores do latrocínio (roubo com morte) do estudante Rodrigo Maciel Gonçalves, 17 anos, no dia 13 de junho, no bairro Humaitá, em Porto Alegre. Os suspeitos, com idades de 14 e 17 anos, haviam sido detidos na terça e quarta-feira da semana passada e encaminhados à Fundação de Atendimento Sócio-Educativo (Fase).
Conforme o delegado Raul Vier, da 2ª Delegacia para o Adolescente Infrator do Departamento Estadual da Criança e do Adolescente (Deca), a arma usada no crime ainda não foi localizada.
– Fizemos buscas no local em que eles disseram ter jogado a arma, mas não encontramos nada. Os dois deram várias versões sobre a origem do revólver: primeiro disseram que alguém tinha dado para eles, depois falaram que tinham comprado – afirma.
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O delegado explica ainda que a versão dos fatos dada pelos adolescentes em depoimento "bate em 99%". Ambos confessaram a participação no crime e, para Vier, não há dúvidas sobre a autoria. O ponto de discordância entre eles é sobre como teria ocorrido o disparo.
– Em 99% da confissão, um confirma a versão do outro, com os mesmos detalhes. Eles só divergem com relação ao disparo. Um (o de 14 anos) diz que o comparsa esbarrou nele e que aí houve o tiro, de forma acidental. Já o outro (de 17 anos) fala que não esbarrou e que o colega se precipitou com a arma, efetuando o disparo.
Entretanto, segundo o delegado, mesmo com a tentativa de justificar o assassinato como acidental, o crime é investigado como latrocínio, pois os suspeitos teriam tentado roubar o celular da vítima.
– Essa explicação deles não muda em nada para nós. Temos convicção de que foi latrocínio – diz Vier.
O crime
Estudante de Administração, Rodrigo foi morto com um tiro no tórax no final da tarde do dia 13 de junho, no Parque Mascarenhas de Moraes. Ele passava pelo local, que fica a 50 metros de sua casa, com dois amigos, após terem ido a uma padaria. O trio foi abordado por dois adolescentes – um a pé e outro que estava em uma bicicleta.
Um deles, de 14 anos, desferiu o tiro que atingiu Rodrigo. Os amigos tentaram socorrê-lo, e o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) chegou a ser acionado, mas ele não resistiu e morreu no local.
Em depoimento, os dois amigos que estavam com ele no momento da abordagem relataram que os suspeitos teriam dito apenas "Por que está me olhando? Não me olha" e "Passa tudo". Logo após, ocorreu o disparo.
Após o crime, os dois suspeitos fugiram do local. Ambos são moradores do bairro Humaitá. O adolescente de 14 anos se entregou à polícia, acompanhado da mãe, na noite de terça-feira da semana passada. Na delegacia, ele afirmou que a arma estava engatilhada e que o disparo foi acidental. Ele também se recusou a identificar o comparsa.
Na quarta-feira da semana passada, o segundo suspeito, de 17 anos, foi apreendido pela polícia em sua casa. Ambos foram encaminhados à Fase.