A Polícia Civil está chegando ao patrimônio e às finanças de uma das principais quadrilhas de tráfico de drogas do Rio Grande do Sul. O grupo se manteve em atividade mesmo com o assassinato do líder, Alexandre Goulart Madeira, o Xandi, no início do ano numa bela casa de Tramandaí. Nem a prisão, nem a morte do chefe das quadrilhas inibe o crime. O consumo segue, assim como as vendas e o poder dos traficantes. Sempre terá um novo criminoso para substituir outro em qualquer hierarquia da organização.
Acerta o Denarc em focar no dinheiro, com uso da inteligência. A turma do Xandi era dona de uma frota de táxis, sítio em Santo Antônio da Patrulha, apartamento de R$ 1 milhão em Florianópolis e outros imóveis em Canoas e Capão da Canoa. Listo só aqueles bens já sequestrados por decisão judicial. Os investigadores estimam que entre 2012 e início de 2015 foram movimentados R$ 26 milhões.
Os números acabam com a visão ideológica de um traficante favelado que está no mundo do crime para sobreviver. Quantos empresários movimentam tanto dinheiro? Os criminosos são ricos, muito ricos. É verdade que exploram miseráveis na cadeia de vendas. Mas a cúpula não é formada por coitadinhos, nem faz justiça social.
As polícias no Brasil sempre focaram a atuação nas prisões, sem a investigação aprofundar nas organizações. A pergunta que precisa ser respondida é: para onde está indo o dinheiro? Como lavam esta grana? É o que o Denarc quer e precisa descobrir. As prisões são necessárias, mas se tornam insuficientes enquanto os grupos continuarem com patrimônio e poder.