O vocalista da banda Gurizada Fandangueira, Marcelo dos Santos, e o produtor musical Luciano Augusto Bonilha Leão compareceram nesta quarta-feira na audiência que ouviu sobreviventes do incêndio que matou 242 pessoas na boate Kiss em janeiro. Os depoimentos acontecem até sexta-feira no Foro de Santa Maria.
Entre as testemunhas estão frequentadores da boate na noite da tragédia, assim como ex-funcionários. Todos foram questionados pelos promotores, advogados de defesa e de acusação sobre os detalhes da madrugada do dia 27 de janeiro. Um ponto em comum ressaltado pelas testemunhas era a presença de uma barra de ferro na saída da boate, além de que no início do incêndio, que teve origem no palco quando o vocalista acionou um sinalizador, muitos frequentadores achavam que se tratava apenas de uma briga e por isso demoraram para deixar o local.
As audiências se referem ao processo criminal contra os réus, os dois sócios da casa noturna, Elissandro Spohr e Mauro Hoffman, além dos integrantes da banda Gurizada Fandangueira, o vocalista Marcelo de Jesus dos Santos e o produtor Luciano Augusto Bonilha Leão. Eles são acusados de homicídio e tentativa de homicídio. Os sócios da boate Kiss não comparecerem à audiência e justificaram a ausência através dos advogados.
Segundo o juiz Ulysses Fonseca Louzada, responsável pelo processo, é um direto dos réus não comparecer. "Eles precisam justificar a ausência, o que foi feito. Se eles não vierem sem justificativa, o processo corre normalmente, à revelia dos réus", explicou o magistrado antes do início da sessão.
Os depoimentos são abertos ao público, e apesar do Tribunal do Júri possuir uma capacidade para até 172 lugares, cerca de 20 pessoas assistiram à sessão que começou por volta das 10h e se encerraram no inicio da noite. Novas audiências acontecem em julho.
Entenda o caso
O incêndio na boate Kiss, em Santa Maria, na madrugada do dia 27 de janeiro, resultou em 242 mortes. O fogo teve início durante a apresentação da banda Gurizada Fandangueira, que fez uso de artefatos pirotécnicos no palco.
O inquérito policial indiciou 16 pessoas criminalmente e responsabilizou outras 12. Já o MP denunciou oito pessoas, sendo quatro por homicídio, duas por fraude processual e duas por falso testemunho. A Justiça aceitou a denúncia.
Na Câmara dos Vereadores da Santa Maria, uma CPI analisa o papel da prefeitura e tem prazo para ser concluída até 1º de julho. O Ministério Público ainda realiza um inquérito civil para verificar se houve improbidade administrativa na concessão de alvará e na fiscalização da boate Kiss.