Mais policiamento, menos mortes. Essa parece ser a equação que explica o recuo no número de homicídios em quatro de cinco municípios da Região Metropolitana beneficiados, há dois meses, por reforço de policiais militares.
O número de assassinatos caiu em Porto Alegre, Alvorada, Gravataí e Viamão. Em Cachoeirinha, cidade que só entrou no segundo mês da força-tarefa da Brigada Militar, houve aumento dos assassinatos (veja gráfico).
Somados os cinco municípios, a redução nas mortes é de 19,6% entre o início de maio e o começo de julho, comparado com o bimestre anterior (início de março ao começo de maio). O resultado é motivo de celebração das autoridades, preocupadas com os índices crescentes de violência em áreas conflagradas da região.
O reforço de 200 PMs na Região Metropolitana foi uma determinação da Secretaria Estadual da Segurança Pública, depois da constatação de aumento de 19,6% dos homicídios no primeiro trimestre do ano em relação ao mesmo período de 2011. Os policiais encarregados de prevenir homicídios vieram de regiões do Interior onde o número de assassinatos e outros crimes é baixo. A maioria foi deslocada das Missões. Dos 200, 125 foram para Alvorada, Gravataí, Viamão e Cachoeirinha.
A redução foi gradual, tanto que, no primeiro mês, Alvorada teve um aumento de 33% nos homicídios em relação ao mês anterior e Viamão, crescimento de 25%.
Alvorada, o município mais atingido por homicídios na Grande Porto Alegre, teve 31 assassinatos entre o início de março e o início de maio. Já entre o começo de maio e o começo de julho foram 21 mortes, redução de 32%. O sargento João Klahr, 42 anos de idade e 21 de BM, é um dos que foi deslocado de sua unidade original (o 7º Regimento de Polícia Montada de Santo Ângelo) para atuar em Alvorada. E está satisfeito com os resultados:
- Diminuíram bastante as mortes desde que a gente chegou, é perceptível nas ruas. É que a estratégia é correta. Joga policiamento em cima e os criminosos se encolhem. É como se o time de futebol tivesse dobrado de tamanho.
Cachoeirinha, a única cidade com aumento nos homicídios, sequer foi contemplada com força-tarefa no primeiro mês, porque o número de mortes era considerado baixo. De um mês para cá, ganhou alguns PMs extras.
Mais dois meses de reforço policial
Do ponto de vista estatístico, a comparação seria mais adequada se fosse levado em consideração o mesmo período do ano passado - dados que a BM não tinha disponíveis ontem. Mas o coronel Silanus Mello, chefe do Comando de Policiamento Metropolitano (CPM), considera que comparar as estatísticas antes e depois da criação da força-tarefa também é uma metodologia válida.
- É que a força-tarefa gerou um impacto, então está correto medir qual foi esse impacto. Felizmente, foi positivo. Me parece comprovado que o grande problema é falta de efetivo. Com reforço no contingente da BM, previsto para o ano que vem, queremos reduzir os homicídios como um todo no Estado - opina Silanus.
Opinião semelhante tem o coronel Paulo Stocker, chefe do Comando de Policiamento da Capital (CPC). Ele comemora uma redução de 17,4% nos homicídios nas duas áreas de Porto Alegre onde a força-tarefa atua, no Extremo Norte e Extremo Leste. Foram 46 assassinatos nessas regiões entre março e início de maio e, do começo de maio ao começo de julho, 38 homicídios.
A avaliação positiva a respeito do desempenho da força-tarefa levou o comando da BM a prorrogá-la por dois meses.