A anestesia é um componente fundamental na prática médica, especialmente em procedimentos cirúrgicos. Desde a primeira aplicação bem-sucedida em 1846, a técnica revolucionou a medicina, permitindo intervenções seguras que antes eram impensáveis. O dia 16 de outubro celebra os profissionais especializados neste procedimento, os anestesiologistas.
A prática é definida como o uso de medicamentos anestésicos para prevenir a dor e a sensação durante procedimentos cirúrgicos ou médicos. Atua bloqueando os sinais nervosos, impedindo que o impulso nervoso chegue ao cérebro.
O anestesiologista é o responsável por avaliar o paciente antes do procedimento e personalizar a anestesia de acordo com as características do paciente.
— O objetivo é tornar a experiência o mais confortável possível, com segurança e minimizando os riscos — explica a médica anestesiologista Isabela Sirtoli, do Hospital de Clínicas de Porto Alegre e do Hospital Moinhos de Vento.
Como funciona a anestesia
A anestesia funciona através da administração de medicamentos com capacidade de bloquear estímulos dolorosos. Isso pode ser feito de forma venosa, inalatória ou por injeções.
Os medicamentos administrados durante a anestesia geral, por exemplo, incluem os opióides, que ajudam a controlar a dor, e hipnóticos, que provocam a sonolência. Também podem ser utilizados relaxantes ou bloqueadores neuromusculares para garantir que a respiração do paciente não atrapalhe o procedimento cirúrgico.
Quatro tipos
Existem diferentes tipos de anestesia que podem ser aplicadas de forma isolada ou em conjunto, como a sedação, e as anestesias geral, regional e local. A escolha depende do procedimento médico e do estado de saúde do paciente.
A sedação é utilizada em diversos níveis, com o objetivo de garantir que o paciente esteja confortável e tranquilo durante o procedimento.
— Pode ser que ele tenha lembrança de alguns flashes do procedimento ou do exame que esteja ocorrendo, como em exames de tomografias e ressonâncias magnéticas — afirma a especialista.
A anestesia geral é usada em cirurgias mais complexas. Nela, o paciente perde a consciência do que está acontecendo. Por isso, é indicada para procedimentos longos e/ou que causariam dor intensa se o paciente estivesse consciente.
Já a anestesia regional bloqueia a dor em uma área específica do corpo, sendo comum em cirurgias como cesariana e ortopédicas. Na primeira, por exemplo, apenas a região abaixo da cintura fica anestesiada, permitindo que a mãe esteja consciente durante o nascimento, mas sem sentir dor.
— A paciente não tem nenhum estímulo de dor na barriga, que é por onde é realizada a incisão cirúrgica. A mãe tem completa lembrança de tudo aquilo que está acontecendo, do neném que nasce, que chora e é colocado no colo dela — explica Isabela.
Por fim, a anestesia local é aplicada em uma região específica do corpo e, sozinha, não compromete a consciência. Ela é adotada em cirurgias como procedimentos dentários, cirurgia dos olhos e em áreas pequenas, mas pode ser feita em conjunto com a anestesia geral ou sedação, por exemplo.
O que acontece com o corpo e a mente
Durante a anestesia, o paciente é monitorado com eletrocardiogramas, medidores de pressão arterial e oximetria de pulso. A inserção de um acesso venoso é comum antes do início e, com os medicamentos, o anestesista faz o paciente adormecer.
A anestesia geral, por exemplo, age no cérebro, onde o anestésico bloqueia o estímulo doloroso e leva à perda de consciência. O tempo que o paciente permanece dormindo depende da quantidade de substância aplicada. Podem ser realizados ajustes na dose durante o procedimento.
— Alguns pacientes chegam a sonhar durante a anestesia e nos contam no pós-operatório. Mas muitos deles não têm lembrança de absolutamente nada, entram em sono profundo — relata a anestesiologista.
Os monitores ajudam a avaliar a profundidade da anestesia e a adequar a dosagem dos medicamentos. Caso seja insuficiente, pode fazer com que o paciente tenha lembranças do procedimento. No entanto, em excesso pode ser prejudicial à saúde.
— Por isso, não existe uma receita única. A técnica anestésica deve ser sempre adaptada ao paciente e ao procedimento e deve ser realizada por um profissional habilitado — pontua.
Riscos e cuidados
A médica afirma que acidentes ou complicações com o procedimento são raros. Mas algumas condições podem promover riscos associados.
— Com medicamentos, instrumental e técnicas modernas, o anestesiologista reduz ao máximo os riscos de acidentes anestésicos, mas eles nunca chegam a zero, devido a fatores imprevisíveis ligados à própria cirurgia e às condições de saúde do paciente — destaca a médica.
Por isso, pacientes devem seguir recomendações repassadas por profissionais antes e depois da aplicação.
Após a cirurgia, o paciente passa por um período de recuperação em uma sala especial. Durante esse tempo, a equipe médica e de enfermagem monitora o avanço e trata os sintomas mais comuns nesta fase, como dor e náuseas.
Produção: Murilo Rodrigues