Uma lógica inversa à da massagem. É assim que o professor Emerson Boschi, da Escola de Ciências da Saúde e da Vida da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS), define a técnica da ventosaterapia. Resumidamente, ela se baseia na colocação de ventosas sobre a pele, criando um vácuo e produzindo uma sucção na região aplicada.
— Enquanto a massagem faz uma pressão positiva sobre o músculo, a ventosa faz uma pressão negativa. É uma outra forma de agir no local. Faz uma sucção, diminuindo a estagnação de energia. É interessante aumentar a circulação cutânea — explica.
A técnica deve ser aplicada por profissionais capacitados, em geral com formação em fisioterapia, massoterapia ou acupuntura.
Como é?
O procedimento provoca uma espécie de separação da membrana miofascial (que fica entre os tecidos cutâneo e muscular), proporcionando, na área de aplicação, alívio na tensão muscular, melhora no metabolismo, aumento do fluxo sanguíneo e da oxigenação e, segundo a crença da medicina chinesa, a liberação de energias estagnadas.
Para quem é indicado
O uso de ventosas pode servir como um método complementar a outros recursos terapêuticos, pois não soluciona a causa da dor, mas, sim, proporciona alívio. Em muitos casos, é associado a tratamentos fisioterápicos e ortopédicos.
Além disso, é indicado a todos aqueles que sentem dores nas costas, na coluna cervical, dor na lombar e na região torácica. Também costuma ser aplicado em quem realiza uma carga grande de exercícios físicos, com o objetivo de relaxamento da musculatura.
Contraindicações
Não pode ser aplicado em pacientes com trombose, varizes, que tenham ferida aberta, alguma infecção ou cicatrizes recentes.
O equipamento
As ventosas são pequenos copos nos quais é criado vácuo para fazer a sucção da pele. Originalmente — e até hoje — são feitas de vidro. Nesse caso, o vácuo é feito queimando uma gaze molhada com álcool dentro do recipiente para eliminar o oxigênio, e logo em seguida, colocado contra a pele do paciente.
Atualmente, também são usados equipamentos mais modernos, feitos de plástico, com tubos ligados a uma bomba, que pode controlar com mais precisão a força da sucção.
Preste atenção
Alguns tratamentos podem ser feitos com sangria, uma técnica mista entre a acupuntura e a ventosaterapia. Nesses casos, o procedimento deve ser feito somente com materiais descartáveis ou esterilizáveis. A terapia com sangria auxilia na eliminação de toxinas presentes no sangue que pode estar estagnado entre os tecidos.
Aplicação
O tratamento pode ser realizado em qualquer músculo, mas é muito comum nas costas, porque é a região na qual os chineses acreditam se encontrar os meridianos energéticos do corpo.
Além das diferentes áreas em que o procedimento pode ser aplicado, há diversas técnicas que podem ser utilizadas. A mais comum é a estática, em que a ventosa fica posicionada por um tempo sobre uma determinada área. Mas também pode ser realizada com deslizamento, com auxílio de vaselina e em "golpes", com aplicações ritmadas.
Hematomas
Também chamados de equimoses, são um efeito colateral da terapia. Seu surgimento não ocasiona nenhum malefício à saúde, desde que não sejam expostos ao sol, situação que pode gerar uma lesão cutânea.
Os hematomas tendem a permanecer durante um período de dois a cinco dias, podendo apresentar um pouco de dor na região, que pode ser amenizada com aplicação de gelo nos primeiros dias.
Produção: Állisson Santiago
Fonte: Emerson Boschi, professor da Escola de Ciências da Saúde e da Vida da PUCRS e diretor do Instituto Emerson Boschi