Cuidar da saúde do corpo em tempos de coronavírus não é fácil, mas o desafio do inverno fica maior quando falamos de saúde mental. Dias gelados, mais curtos e mais cinzentos podem servir de gatilho para agravar condições emocionais já alteradas, diz o professor Wagner de Lara Machado, do programa de pós-graduação em Psicologia da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS).
Em regiões do Hemisfério Norte onde o inverno dura longos períodos, como nos países escandinavos, por exemplo, é comum as pessoas apresentarem o chamado transtorno afetivo sazonal, quadro de depressão que aparece durante as estações mais frias. Não é exatamente o que acontece no Brasil, pondera Machado, mas as condições climáticas podem, sim, causar alterações.
— A falta de luz tem relação com a síntese de vitamina D, que altera hormônios e pode gerar um desequilíbrio químico. Isso acaba piorando fatores que levam à depressão — afirma. — E, nas condições do distanciamento social, ficar mais emotivo em um dia, mais para baixo, faz parte. É preciso ficar atento se esses dias virarem rotina.
Nesses casos, convém buscar ajuda de um psicólogo ou psiquiatra (muitos profissionais mantêm atendimento online). E vale avisar um parente, para ajudar a monitorar.
Machado complementa: essa regulação do comportamento, a motivação, não vêm naturalmente. Precisa de esforço. Então, estabeleça um planejamento: pegue papel e caneta, marque horários. Isso tem função organizadora.
Palavras-chave para tentar atravessar o período de forma mais leve
- Autocuidado: dedique um tempo do seu dia para fazer aquilo que lhe dá prazer. Pode ser ler um livro, assistir a uma série, cozinhar ou até mesmo dedicar-se à espiritualidade.
- Exercícios: mexer o corpo, além de beneficiá-lo, ajuda a manter a mente sã.
- Sol: exponha-se com segurança ao sol para manter o equilíbrio bioquímico do corpo.
- Conecte-se: reserve um momento para conversar com aquelas pessoas íntimas, como amigos ou familiares. Uma videochamada, por exemplo, é muito importante nesses períodos.