A gravidez é um período de mudanças e adaptações para as mulheres. Além do emocional, os cabelos, a pele, as mamas e outras partes do corpo sofrem alterações. Entre as questões com as quais as gestantes precisam se preocupar, estão os medicamentos consumidos durante esse período. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), cerca de 3% dos defeitos congênitos são causados pelo uso de remédios ou drogas durante a gestação.
Até mesmo remédios que parecem inofensivos, como o colírio, podem trazer prejuízos irreparáveis para o bebê. Assim como qualquer outra medicação, ele não deve ser utilizado sem a recomendação direta de um profissional da saúde.
— O grande problema é que o colírio funciona como um comprimido. Ele é absorvido pelo corpo, por isso, pode causar problemas para a criança — afirma Ítalo Marcon, especialista em oftalmologia da Santa Casa de Misericórdia de Porto Alegre.
Durante a gravidez, é de extrema importância, antes de ingerir qualquer tipo de medicamento, consultar um médico, já que ele é a única pessoa que poderá avaliar o fator de risco benefício para a mãe e o bebê. A melhor opção será sempre aquela que não causará dano nem qualquer alteração funcional ao feto.
— O ideal é ver a idade da gestação. Geralmente, após os seis meses, é pouco provável que ocorram malformações, pois os órgãos do bebê já estão formados. Entretanto, até os três meses, fazer o uso de qualquer medicação é extremamente perigoso. Existem alguns colírios mais prejudiciais, outros, menos, que devem ser usados caso seja realmente necessário — diz Marcon.
Entre os que mais podem oferecer riscos, estão os colírios antibióticos e os anti-inflamatórios. Quando possível, devem ser substituídos pelos lubrificantes, que, de acordo com Marcon, podem ser usados tranquilamente.
O colírio é absorvido pelo corpo, por isso, pode causar problemas para a criança. Geralmente, após os seis meses, é pouco provável que haja malformações. mas, até os três, é perigoso usar medicações.
ÍTALO MARCON
Oftalmologista da Santa Casa
Uma forma de prevenir
Helena Pakter, chefe do serviço de oftalmologia do Hospital Nossa Senhora da Conceição e professora da UFRGS, orienta que, nos casos em que o uso de colírio seja indispensável, uma forma de prevenir que ele entre em contato com a corrente sanguínea da mãe é fazendo a oclusão – com as pontas dos dedos – dos canais lacrimais, localizados entre os cantos internos dos olhos e o nariz.
— Fazer isso logo após a aplicação do colírio diminui a penetração deste no organismo e, consequentemente, diminui também os riscos ao bebê — explica Helena.
Portanto, é importante estar ciente de que sempre há riscos na automedicação, para pessoas gestantes ou não. Jamais faça o uso de remédios sem a prescrição de um médico.