Depende de uma boa alimentação, pobre em sal, e da ingestão de uma grande quantidade de líquidos a prevenção de um dos problemas causadores daquela que se considera uma das piores dores de que se tem notícia: a que é provocada pela formação de cálculos renais.
O médico americano Brian Richard Matlaga, professor de Urologia da Escola de Medicina da Universidade Johns Hopkins, nos Estados Unidos, esteve em Porto Alegre em 14 de março, quando proferiu uma palestra em alusão ao Dia Mundial do Rim no Hospital Moinhos de Vento, que tem uma parceria com a instituição americana.
Confira as respostas concedidas pelo especialista a GaúchaZH sobre algumas das principais dúvidas a respeito do tema.
Formação dos cálculos renais
“As pedras nos rins foram diagnosticadas desde a Antiguidade, mas nosso entendimento de como elas se formam é muito recente. Para o tipo mais comum de pedra existente, que é composta por cálcio, o processo de formação tende a ser vagaroso, com pequenos cristais se unindo uns aos outros e se tornando maiores com o tempo.”
Quando procurar uma emergência
“As razões pelas quais recomendamos que um paciente com pedra nos rins procure um atendimento de emergência são dor não controlada por medicamentos, náuseas, vômitos e febre. O paciente que não buscar ajuda pode ter outros problemas de saúde no futuro.”
Relação com outras doenças
“Estamos aprendendo cada vez mais sobre a possível relação dos cálculos renais com outras doenças. Diabetes, hipertensão, osteoporose, osteopenia, obesidade... Acreditamos agora que as pedras estejam relacionadas a essas demais condições.”
Tipos
“Nos Estados Unidos, entre 70% e 80% dos cálculos são de cálcio. O percentual no Brasil deve se aproximar disso, porque a dieta alimentar, nos dois países, é bastante parecida. Outras pedras vistas com menos frequência são formadas por ácido úrico – derivam do excesso de ácido úrico no organismo, responsável por doenças como a gota – ou têm razões de origem alimentar, como a ingestão de proteína animal (carne vermelha, por exemplo). As demais são bem menos comuns. Há pedras relacionadas a infecções ou a características genéticas.”
Prevenção
“A ingestão de líquidos é o mais importante. Qualquer líquido ajuda, como água e bebidas cítricas. Do ponto de vista da alimentação, deve-se reduzir o sal. O restante são coisas que sua mãe costumava falar ao longo do seu crescimento: consumir carne vermelha é permitido, desde que moderado, ingerir frutas e bebidas cítricas e todos os vegetais. Em resumo, uma alimentação balanceada com pouco sal e muito líquido.”
Tratamentos
“O tratamento depende muito de cada paciente e do tipo de pedra. Em alguns casos, a escolha do melhor tratamento é muito clara, baseada no tamanho e na localização da pedra. Mas, em outros casos, não existe uma única opção melhor do que as outras, mas há diversas alternativas que são igualmente boas. Isso depende de quais são as preferências do paciente, que devem orientar o tratamento.”
Pessoas mais suscetíveis
“Baseando-se em nossas pesquisas, os pacientes mais afetados pelo problema costumavam ser homens de meia-idade, mas agora temos visto mais crianças, jovens e mulheres com pedras nos rins. Portanto, atualmente, qualquer um pode sofrer com esse problema. A estimativa é de que 10% da população seja atingida.”
Como prevenir recorrências
“As pessoas devem focar nos fatores alimentares, que acabam de ser mencionados. A recorrência, com múltiplos episódios de pedras nos rins, merece ser discutida com o médico especialista, além de se fazer um estudo de 24 horas da urina para verificar a existência de outros problemas e se há a necessidade de se prescrever outros medicamentos.”
Estilo de vida saudável
“Coma com moderação, com pouco sal e muito líquido, mantenha um bom peso, tente se exercitar. Isso ajuda a manter sob controle a obesidade, a hipertensão e o diabetes, que estão relacionados ao processo de formação de pedras nos rins.”