Só de pensar em comer doces, pratos quentes ou muito gelados, seus dentes já doem? Isso pode sinalizar uma doença popular, que afeta sete a cada 10 pessoas do mundo: a hipersensibilidade dentinária.
Entender o problema passa, necessariamente, pela compreensão da composição dental. Paulo Vinícius Soares, professor da faculdade de Odontologia da Universidade Federal de Uberlândia (MG), explica que os dentes são compostos basicamente por três estruturas: esmalte, polpa e dentina.
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– A dentina tem uma sensibilidade natural, o que não caracteriza uma doença. O problema é a hipersensibilidade exagerada – afirma Soares.
Provocada pela perda patológica do esmalte ou pela retração gengival com exposição da raiz, o problema pode ser desencadeado por uma série de fatores de risco. Soares destaca as doenças gástricas, o uso de aparelho ortodôntico, o consumo de drogas, o hábito de apertar os dentes e até mesmo a prática de exercícios. Entre os atletas profissionais, diz o especialista, que é um dos autores de um amplo estudo internacional sobre a hipersensibilidade, o estilo de vida é que contribui para o problema:
– Este grupo modifica o processo de alimentação – alguns ficam horas em treinamento sem se alimentar– , expõe a cavidade oral a uma alta concentração de alimentos ácidos fora do nível comum e suportável e ainda tem o hábito de ranger os dentes, que é bem desgastante para o organismo.
Praticantes de atividades físicas amadoras também não estão livres da doença: o apertar de dentes durante a prática podem acelerar o processo de hipersensibilização.
Sinal amarelo para cremes dentais
Como é multifatorial, a doença precisa ser tratada como tal, atacando a raiz do problema e, se necessário, fazendo intervenções como uso de protetor bucal. Medidas simples e que podem diminuir a sensação ruim são reduzir o consumo de alimentos ácidos (como café, chimarrão, chá verde, energéticos e sucos cítricos), escovar os dentes devagar e com escovas macias, não apertar os dentes (há aplicativos de celular que despertam a cada 30 minutos alertando para o hábito) e visitar o cirurgião dentista pelo menos uma vez ao ano.
Uso de cremes dentais específicos também devem seguir orientações de um dentista, sob pena de mascarar o problema desencadeador. O docente é um crítico da política de venda desses produtos:
– Creme dental não é tratamento. Tratar significa a remoção dos fatores causais, que pode ser um problema gástrico, por exemplo.
Na dúvida, sempre procure orientação especializada e jamais pratique ou acredite em terapias caseiras de auto tratamento.