O "medo" do sol, do câncer de pele e o aumento nos casos de raquitismo em diferentes países levaram entidades médicas internacionais e brasileiras a recomendarem a suplementação de vitamina D para bebês, mesmo entre os recém-nascidos.
Dos primeiros dias de vida até completarem um ano, as crianças devem receber 400 unidades internacionais (medida padrão para vitaminas) todos os dias. Até o segundo ano, a quantidade de vitamina D sobe para 600 unidades e, a partir dessa idade, a necessidade é dosada em exames de sangue.
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Até então, bebês, crianças e adultos faziam a reposição da vitamina D apenas em casos de deficiência e a principal maneira de adquiri-la naturalmente era via alimentação. A vitamina está presente, por exemplo, em ovos cozidos, sardinhas, peixes, óleo de fígado de bacalhau, ostras, entre outros. Com o apoio dos raios solares, a vitamina seria sintetizada no organismo. Mas bebês que se alimentam somente do leite materno também precisam de suplementação?
– Achávamos que se expor ao sol naqueles horários próprios, antes das 10h e depois das 15h, seria suficiente para sintetizar a vitamina, mas não. Descobriu-se que era preciso uma angulação tal dos raios de sol sobre a pele que só acontecia em lugares onde há grande exposição solar, o que não é o caso dos Estados do Sul, e nos horários de risco – explica a pediatra Lygia Maria Coimbra de Manuel Petrini, coordenadora da UTI Pediátrica do Hospital Vita Curitiba.
Novos benefícios da vitamina D para o desenvolvimento das crianças contribuíram na mudança das recomendações. Além da formação esquelética do bebê, a vitamina atua na prevenção de doenças cardiovasculares, fortalece a imunidade e atua na formação pulmonar.
– Surgiram tantas novas atuações que há quem acredite que a vitamina D seja mais do que uma vitamina, mas um hormônio – reforça a pediatra.
Leite materno não é suficiente?
Embora o leite materno seja tudo o que o bebê precisa, em termos de alimentação, até os seis meses de idade, os pais devem ficar atentos à suplementação da vitamina D.
– O leite materno, apesar de todas as qualidades que tem, em relação à vitamina D é pobre. Dar a vitamina para os bebês é uma prevenção, uma profilaxia e vale mesmo para os bebês que recebem o leite de fórmula – explica a médica Julienne A. R. de Carvalho, endocrinologista do Hospital Pequeno Príncipe e professora do departamento de Pediatria da Universidade Federal do Paraná (UFPR).
Algumas formulações do leite em pó podem até conter a vitamina D na composição, segundo a endocrinologista, mas é difícil manter um padrão na quantidade que o bebê recebe.
Tire a criança do sol
> Dentre as recomendações da Academia Norte-Americana de Pediatria, a proteção da criança ao sol é uma das principais. Quando for impossível prevenir o sol, a criança deve usar protetor solar próprio para a idade, além de protetores físicos, como chapéu e roupas com fotoproteção.
Vitamina D disponível pelo SUS
> Depois do nascimento, a primeira consulta do bebê com o pediatra se dá entre os sete e 10 dias de vida e, geralmente, é quando o médico prescreve a vitamina D. Disponível pelo sistema público há uma combinação das vitaminas D e A, em forma de gotas, distribuídas gratuitamente.
> Nas farmácias, é possível encontrar a vitamina D, mas na forma isolada. Essa versão pode ser adquirida em diferentes formas, sendo as mais comuns a líquida, em gotas e cápsulas. A vitamina não deve ser comprada sem prescrição médica.