Ano passado, minha mãe teve um problema de saúde que foi enfrentado com coragem e superação. O capítulo foi breve graças ao excelente trabalho da equipe médica (obrigada, doutor Luiz Carlos Alencastro). Para comemorar sua vitória, ela seguiu celebrando a vida do jeito que mais gosta: viajando. Em uma de suas andanças por aí, para nossa alegria, nos incluiu em sua expedição rumo à terra abençoada de Todos os Santos e artistas como Caetano, Gilberto Gil, Gal, Jorge Amado e Dorival Caymmi. Na companhia de netos, filha e genro, Rosa Maria foi desbravar o que é que a Bahia tem.
O destino eleito foi o mesmo de Pedro Álvares Cabral quando avistou o Monte Pascoal pela primeira vez em 1500: a Costa do Descobrimento. Só que, no lugar de caravelas, chegamos de balsa mesmo (após algumas horas de voo!). Fugimos da muvuca de Porto Seguro atravessando o Rio Buranhém. Já em terra firme, avistamos o que seria nossa "ilha da fantasia" por quatro dias: o Arraial Eco Resort, que tem uma localização pra lá de privilegiada na ponta do Apaga-Fogo onde o Rio Buranhém encontra o mar.
Não tenho muita experiência em resorts, mas logo percebi que o nosso eleito fugia dos padrões all inclusives tradicionais e merecia ser apreciado em cada detalhe de suas paisagens e sensações únicas. É claro que demos nossas escapadas da vida mansa para visitar os agitos da Praia da Pitinga e o centrinho de Arraial, o Parque Aquático e o vilarejo charmoso de Trancoso. Também fomos à tombada cidade histórica em Porto Seguro e à praia de Coroa Vermelha, onde há um marco simbolizando a primeira missa celebrada no Brasil, além das inúmeras lojinhas de artesanato e produtos indígenas.
Doeu no meu coração de turista querendo abraçar o mundo não ter tido tempo de visitar Caraíva e a Praia do Espelho.
Mas fica a vontade de voltar. No lugar desses destinos nos dirigimos ao lado oposto, rumo a um Brasil descoberto pelos alemães em 2014 durante a Copa do Mundo: Santo André, em Santa Cruz de Cabrália.
Novamente de balsa, atravessamos o Rio João de Tiba e seus mangues. Chegamos ao pacato vilarejo de 800 habitantes onde o sossego dá de 7x1. Tivemos nossos dias de Thomas Muller, Klose e Podolski, já que nos hospedamos no eco-chique Campo Bahia, hotel conhecido por ter sido centro de treinamento do time de futebol alemão.
Além do legado da Copa, a região também tem suas celebridades locais e fomos ao encontro delas: as tartarugas marinhas, os pastéis de siri de Maria Nilza na Praia do Guaiú, as cocadas da Let da Oficina do Sabor, a moqueca do Gaivota, a pesca e passeio no rio e os caranguejos do Tião Belmonte.
Se Pedro Álvares Cabral descobriu o Brasil, e os alemães, Santo André, eu descobri uma Bahia onde é preciso levar as férias sem a pressa de carimbar pontos turísticos. Os encantos estão nas simples conversas com os nativos, na vegetação abundante e, é claro, nos hotéis para gringo algum botar defeito. Um bom lugar para comemorar as conquistas dessa vida (né, mãe?). A seleção alemã que o diga. Ainda ecoa por lá o "Bahia, Bahia, Bahia"!