Começo este texto pensando no quanto todos nós nos comportamos de forma diferente em épocas como esta. Não sei exatamente o que acontece, mas tirando o trânsito lento e o excesso de pessoas por todos os cantos, tudo nos causa mais emoção. É como se virássemos uma chavezinha na nossa consciência e, a partir dali, víssemos o mundo através de lentes mais finas e coloridas. Tão finas que poderíamos sentir a imagem, como se a estivéssemos vivendo em nossa própria pele – o sonho da tecnologia!
Pensamos mais nos outros. Queremos presentear a todos. Nos reunimos com o pessoal do trabalho, a galera do tempo da escola, os parentes distantes. Planejamos o melhor jantar. Convidamos quem se sente sozinho durante o ano todo. Enfeitamos a nossa casa e, de alguma forma mágica, nosso coração adorna-se também.
Passamos a olhar o mundo como se realmente fizéssemos parte dele – coisa que durante o ano muitas vezes esquecemos. É como se nosso olhar crítico cedesse um espaço enorme a um olhar "crístico"! E lá vamos nós, juntando os pedacinhos que deixamos se perderem pelos meses turbulentos, individualistas e atarefados. E o bom é que, juntando-os todos, conseguimos criar uma atmosfera de paz e amor que envolve a todos que se aproximam da gente. Já sentiu isso? Tenho certeza que já.
Andando pelo shopping dia desses, percebi que, quanto mais os clientes eram sorridentes com uma atendente, mais sorrisos ela distribuía de volta. A gente se esquece disso. Esquecemos que existe uma palavrinha mágica chamada reciprocidade. Recebemos conforme damos. E o sorriso é a manifestação mais imediata dessa verdade absoluta.
Será que estamos ensinando direitinho isso às nossas crianças? Será que lembramos todos os dias que são elas que irão nos sorrir daqui a algumas décadas, quando já estivermos velhinhos e cansados? Até lá, nossos sorrisos podem até estar um pouco vazios de dentes, mas podem estar cheios de alegria – depende muito dos valores que passamos a esses pequenos hoje.
Quero fazer uma proposta a vocês! Sabe aquela tradicional brincadeira de amigo secreto? Proponho que a façamos o ano inteirinho. Só que, em vez de presentes, a troca seja de bons sentimentos. Como assim? Vou explicar melhor: te dou um abraço e recebo um beijo. Te dou meu tempo e recebo gratidão. Te dou carinho e recebo atenção. Te dou amor e recebo companhia. Te dou um ombro amigo e recebo um sorriso. E assim reciprocamente, todos os 365 dias do ano.
Para que esperar uma data específica para mostrar tudo de bom que temos dentro da gente? Vamos lá! Participemos todos e façamos do nosso mundo um mundo muito mais gostoso.
Lembrem-se: todos os dias podem ser Natal!