Praticar exercícios físicos com regularidade é uma orientação recorrente de médicos e profissionais da área de saúde. Mas mesmo para algo tão benéfico quanto mexer o corpo, é preciso ter em vista a moderação. Um estudo iniciado em 2001, em Copenhagen, na Dinamarca, comprovou que a taxa de mortalidade entre pessoas que praticavam atividades extenuantes era estatisticamente similar a dos sedentários.
– Sabemos que quanto maior o número de horas praticadas de exercícios de leves a moderados, maior a sobrevida. Mas se chegar ao nível extenuante, muda totalmente a característica. Isso se inverte – afirma a presidente da Sociedade Brasileira de Arritmias Cardíacas (Sobrac), Denise Hachul, que falou sobre o tema no 33º Congresso Brasileiro de Arritmias Cardíacas.
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Para chegar à conclusão, os pesquisadores dinamarqueses acompanharam até 2015 um grupo com mais de mil corredores sadios e mais de 3,9 mil não-corredores saudáveis. Considerando a população em geral, obtiveram melhores resultados para a saúde cardiovascular aqueles que corriam em ritmo lento ou moderado.
– Quando ajustamos isso para a idade, se a pessoa tem alguma comorbidade, se é fumante ou não, quanto mais exercício ela fizer, pior para saúde do que ser sedentário – completa Denise.
A cardiologista explica que, durante a prática de exercícios, nosso corpo libera adrenalina e sobrecarrega as câmaras cardíacas, fatores que poderiam impulsionar algum evento cardíaco.
– Parece que esportes de resistência extrema, como maratona e triatlo, fazem com que as aurículas se dilatem. A consequência disso seria uma sobrecarga para o coração – complementa Josep Lluis Mont Girbau, especialista da Universidade de Barcelona.
E engana-se quem pensa que só pessoas predispostas a problemas cardíacos podem desenvolver fibroses. Essas pequenas cicatrizes podem ocorrer em qualquer indivíduo a longo prazo, especialmente naqueles com idade mais avançada.
Diante disso, você deve estar se perguntando: então, qual é a quantidade ideal de exercícios que devemos fazer para preservar a saúde? A resposta é: depende. Afinal, cada indivíduo responde de uma maneira às atividades.
– Você fazer uma matemática numa ciência inexata como é medicina é impossível – adverte Denise.
Já Girbau destaca que uma corrida leve ou andar de bicicleta três vezes por semana estaria de bom tamanho.
– É uma questão de adaptar a idade e não fazer aos 50 o que se fazia com 20 – diz o especialista.