Cada dia mais me convenço de que é necessária a (re)educação dos adultos. Nós, que estamos entre adolescência e velhice, às vezes, esquecemos que, embora sejamos crescidos, as aprendizagens não se esgotaram. Aliás, aprender é uma das poucas atividades vitalícias a que somos destinados.
As pessoas têm esquecido que educação envolve ética, cansaço, limites, trabalho árduo, convivência, exemplos, esforço, paciência e muita dedicação. Esquecem-se também que educar não é colocar em um excelente colégio e esperar que aquele pequeno ser saia de lá um adolescente poliglota com um raciocínio incrível – isso é escolarizar. Educar é preparar para a vida.
E preparar para a vida vai muito além. Preparar para a vida é mostrar direitos, exigir deveres, apontar possibilidades e estar junto, unindo afeto e firmeza.
Nós, adultos, pouco a pouco estamos perdendo autoridade, e é essa autoridade perdida que está fazendo das nossas crianças futuros tiranos sociais. Somos responsáveis pela formação de uma nova geração e não estamos nos dando conta do quanto nossas atitudes influenciarão, não apenas a vida dos nossos filhos – o que já seria motivo suficiente para pensar e repensar o que fazemos –, como o futuro de uma sociedade inteira.
Tenho observado pais se apequenando diante dos filhos. Pais exaustos de uma rotina realmente estafante – mas em muitos momentos gratificante! Pais que não sabiam que o dito "trabalho de parto" às vezes dura uma vida inteira. Pais que colocam os filhos sempre em primeiro lugar, esquecendo-se que aqui, do lado de fora, eles serão apenas mais um. Pais que não exercitam em momento algum a sua autoridade, fazendo com que, muitas vezes, o primeiro contato com a hierarquia seja na escola. E, então, temos pais cansados e professores exauridos. Professores que, contratados para ensinar, passam a maior parte do tempo disciplinando.
Dia desses, escutei uma professora contar que havia sido chamada na coordenação pois algumas famílias haviam ido reclamar que ela anotava na agenda quando as crianças não faziam a tarefa de casa. A coordenadora solicitou à professora que não mais o fizesse, pois estava incomodando, mexendo na ferida, apontando uma falha que era familiar. E, em tempos de crise – econômica e de princípios –, não há de se querer mexer nos recônditos de quem pode mais.
Ou seja, algumas vezes temos também uma falha no sistema. A falha no momento em que a escola intitula-se apenas uma empresa, esquecendo-se do seu cunho humanista.
Portanto, volto a dizer que cada vez me convenço mais da necessidade de nos (re)educarmos. Nós adultos enquanto pais. Nós adultos enquanto instituição de ensino. Afinal, qual é mesmo o objetivo de ambos? Exatamente o mesmo! E desconfio que é o simples ato de darmos as mãos que nos fará o alcançarmos.