Para quem é alérgico a ácaros, sacudir a poeira e dar a volta por cima pode não ser o melhor dos conselhos. Ficar longe do causador desse tipo de alergia e ignorar os sintomas é algo bastante trabalhoso, isso porque ácaros estão por toda a parte e se sentem bem amparados pelo nosso estilo de vida cada vez mais ligado a ambientes fechados e pouco ventilados. Mas, calma, não é todo mundo que desenvolve o problema.
Médico especialista em alergia e imunologia e também otorrinolaringologista, Sérgio Luiz Nadvorny explica que não basta viver em um ambiente empoeirado ou úmido para sofrer com as chamadas rinites alérgicas provocadas pela poeira. O componente genético é fundamental. Se há predisposição para isso, as condições ambientais podem ser um gatilho para os sintomas.
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– Esse tipo de alergia, nas pessoas que têm predisposição genética, é uma reação exagerada do sistema imunológico a agressores que são potencialmente inofensivos, como os ácaros – diz Nadvorny.
Segundo o especialista, se um dos pais tem a alergia, os riscos de o filho desenvolvê-la aumentam em 25%. Se os dois pais apresentam o problema, esse percentual sobe para 50%.
O primeiro passo para se prevenir é ficar longe do agente causador – mas, por mais que se limpe a casa, é impossível não conviver com os ácaros. E, para os alérgicos, isso pode significar uma rotina de espirros, coceira no nariz, coriza e até obstrução nasal.
Então, os médicos focam na melhoria da qualidade de vida, bastante impactada pelos sintomas. Os anti-histamínicos, chamados popularmente de antialérgicos, e corticoides tópicos nasais, administrados por tempo adequado, são os medicamentos mais receitados em casos menos frequentes e intensos no alívio do desconforto. No entanto, quando as crises se tornam mais fortes e corriqueiras, recomenda-se a consulta a um alergista para avaliar a necessidade de imunoterapia com vacinas contra a alergia.
Especialista pela Associação Brasileira de Alergia e Imunologia (Asbai), o médico Diego Marroni esclarece que esse tipo de tratamento leva de dois a três anos e que os efeitos positivos são graduais. Primeiro, é preciso fazer testes cutâneos para detectar a que a pessoa é alérgica.
Os ácaros aparecem no topo das causas, segundo o especialista. Depois, faz-se um "plano de ataque". Muitas vezes, os pacientes desistem do tratamento porque esperam melhorar imediatamente.
– Não estamos falando de um fármaco, a imunoterapia vai mudar a resposta do organismo ao agente causador da alergia. É como uma educação do sistema imunológico. Os resultados são graduais, mas duradouros. Isso tem mudado a vida das pessoas – diz Marroni.