Você já ouvi falar em plagiocefalia? A palavra parece complexa mas refere-se a algo nem tão complicado assim. Trata-se de uma assimetria no crânio dos bebês além da habitual, geralmente provocada pela posição constante em que a criança é colocada para dormir ou fica a maior parte do tempo. A cabeça acaba ficando com um formato ovalado para um dos lados.
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O caso mais comum chama-se plagiocefalia posicional e pode ser tratado basicamente com a alternância de posição em que o bebê é acomodado. No entanto, os pais devem ficar atentos desde cedo, porque corrigir a deformação depende do tempo em que ela é percebida. Os resultados são mais promissores se o tratamento começar antes do primeiro ano de vida.
– Nos casos mais comuns, essa assimetria tem um pico por volta dos dois meses. Depois, vai diminuindo, até porque a criança começa a se movimentar mais – diz o neurocirurgião Arlindo Alfredo D'Ávila, do Hospital Mãe de Deus.
O problema também pode ter origem mais delicada do que o simples posicionamento. D'Ávila explica que a cranioestenose, fechamento prematuro de suturas do crânio, pode causar a deformação, mas essa é uma condição mais rara. Até essa idade, os bebês têm suturas na cabeça, como a moleira, que vão se fechando à medida que o cérebro vai se desenvolvendo.
Até dois anos é o período adequado para diagnosticar a plagiocefalia, avaliar causas e começar o tratamento, que, em casos mais acentuados, pode ser feito com órteses cranianas, espécies de capacetes, que a criança usa por dois a cinco meses, até moldar adequadamente a cabeça. Depois dos dois anos, somente cirurgia.
Médico formado pela Universidade de São Paulo (USP), Gerd Schreen se tornou uma referência no Brasil quanto ao tratamento de assimetrias cranianas. Foi na busca por tratamento para o filho, há 11 anos, nos Estados Unidos, que se especializou no tema. Segundo ele, ainda há pouca informação sobre o problema.
– O grande segredo é identificar precocemente, mas muitos chegam ao consultório atrasados porque infelizmente temos a cultura do deixa pra lá. Depois dos dois anos, só uma intervenção cirúrgica, mas aí o impacto é muito grande e não vale a pena – diz.
Atualmente, os tratamentos com órtese são oferecidos por poucas clínicas, a maioria em São Paulo e no Rio de Janeiro.