Quem vê a cachorrinha Jéssica Maria faceira em sua cadeirinha de rodas nem imagina que ela já passou por momentos bem difíceis. Há três anos, ela foi encontrada na rua à beira da morte, tapada por um cobertor, com uma luxação na vértebra. Por conta da lesão, a cadelinha de pelos claros e porte médio não caminhava. Até hoje, seus tutores não sabem se ela foi abandonada já com problemas, se foi atropelada ou se foi vítima de maus-tratos. Fato é que Jéssica não iria mais andar normalmente.
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– Na época, ela estava prenha e não conseguia urinar. Foi sondada, mas precisou abortar, pois o cordão umbilical estava dando voltas no útero e na bexiga. Ela não apresentava lesões aparentes, então, não sabemos ao certo o que aconteceu. Depois de fazer fisioterapia e de passados 40 dias, recuperou os movimentos das patinhas da frente – explica o veterinário Marco Antonio Mendoza Montoya, que ficou com a cachorrinha depois que ela se recuperou.
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Foi durante as idas e vindas da fisioterapia no Centro de Reabilitação do Hospital Veterinário da UFSM que Jéssica ganhou a cadeirinha de rodas. Depois de reabilitada, o diagnóstico: o animal não ia mais voltar a caminhar e precisaria de cuidados especiais. Como nenhum adotante apareceu, Marco e a mulher decidiram ficar com ela.
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– A Jéssica é uma querida, bem fácil de lidar, não incomoda. Mas demanda um cuidado diário, de muito amor e paciência. Aqui, a gente troca a cama dela duas vezes por dia, precisamos levá-la para passear e exercitar-se, mas ela vive feliz. A gente coloca um colchãozinho no chão, onde ela dorme. Como a Jéssica não controla mais a bexiga, nós temos de ajudá-la a fazer xixi – relata Montoya.
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O gato Fumaça, outro tutelado pelo casal, também requer cuidados excepcionais. Ele foi encontrado ainda bebê com uma fratura no fêmur e com parte do rabo arrancado e infeccionado. O rabinho precisou ser amputado, e a lesão atingiu o nervo que controla a urina e as fezes.
– A senhora que o encontrou disse que não podia ficar e que queria eutanasiar. Sempre acham a eutanásia uma solução, mas não é. Ele só ficou com esse probleminha de incontinência, mas caminha normalmente, é um fofo e, há dois anos, está conosco – comenta Linda Mendonça, mulher do veterinário.
Hoje, os dois animais moram na clínica do casal com outros animais tutelados que foram resgatados da rua.
Adoção especial salva animais do abandono
Animais especiais exigem cuidados especiais. No caso da paralisia, os pets devem passar por ultrassons com certa frequência, para verificar a bexiga, já que o animal fica em contato direto com o chão. Deve-se cuidar a higiene, mantê-lo vacinado e desverminado, como com os demais.
De acordo com Montoya, os tipos mais comuns de deficiência são as fraturas por atropelamentos, com danos na coluna, a paralisia e a perda de visão. Conforme a idade avança, algumas doenças podem levar à degeneração dos olhos, como catarata, glaucoma, lesões de córnea, doenças da retina, diabetes e outras. Se o problema for detectado no início, existem chances de se preservar a visão.
Mas o maior problema, segundo o especialista, é o abandono desses animais após eles apresentarem os primeiros sinais de deficiência.
– Falta um pouco de carinho das pessoas com aquele animal que conviveu muitos anos e, no momento que mais precisa, é largado. Os animais se acostumam com a nossa rotina, eles se adaptam aos nossos horários. Então, o abandono não é justificável em nenhuma situação – diz.