O Hospital Mãe de Deus está prestes a dar início às obras de uma nova instituição de seu complexo, focada exclusivamente no atendimento de pacientes oncológicos. Com conclusão prevista para 2018 e potencial para figurar entre os centros de tratamento mais avançados da América Latina, o Hospital do Câncer Mãe de Deus terá área total de 12 mil metros quadrados e investimento de R$ 70 milhões, o que possibilitará triplicar as 35 mil consultas e as 18 mil sessões de quimioterapia anuais realizadas hoje.
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O perfil da população de Porto Alegre e do Rio Grande do Sul motivou o projeto, concebido ao longo dos últimos dois anos e meio. A Capital está entre as cidades brasileiras e latino-americanas com a maior incidência da doença, por motivos que ainda não foram bem esclarecidos pelas pesquisas científicas – provavelmente, há relação com origem étnica, nível de educação e costumes. Outra característica importante é o envelhecimento: vivendo cada vez mais, as pessoas estão mais sujeitas a desenvolver enfermidades como câncer e demências. De acordo com o oncologista Carlos Barrios, diretor do Hospital do Câncer Mãe de Deus, atualmente 26% das mortes registradas todos os anos na cidade são provocadas por doenças cardiovasculares. O câncer está em segundo lugar, representando 23% dos casos.
– Nos próximos cinco a 10 anos, é muito provável que o câncer seja a principal causa de morte, o que já acontece em países desenvolvidos como os Estados Unidos. Esta realidade epidemiológica justifica que a gente veja isso como uma necessidade social que precisa ser atendida – comenta Barrios.
Estão previstas três fases até a conclusão do empreendimento, com aproveitamento das instalações já existentes – em dezembro, foi inaugurada a primeira emergência oncológica do Estado – e a construção de um novo prédio. A partir de abril, começa a reforma de uma das torres do Centro Clínico, atrás do prédio principal, no bairro Menino Deus, ampliando-se a área de consultórios e atendimento ambulatorial. Um PET-CT, equipamento para diagnóstico por imagem de última geração, será adquirido ainda em 2016. Na segunda etapa, no ano que vem, ocorrerá a reforma de dois andares da sede, onde serão dispostos 35 leitos, unidade de transplante de medula óssea, bloco cirúrgico e CTI, além da aquisição de um aparelho para radioterapia intraoperatória (realizada durante a cirurgia, permitindo que se abrevie o período de tratamento), o primeiro disponível no Rio Grande do Sul e um dos poucos no Brasil.
Por fim, em 2018, o plano prevê a construção do novo prédio, ao lado do atual, com entrada pela Rua Grão Pará, que contará com mais um moderno aparelho de radioterapia. Os primeiros setores a serem organizados devem ser os referentes ao combate aos tumores de mama, pulmão, gastrointestinais e do trato geniturinário, que estão entre os mais frequentes hoje em dia. Composto por 60 oncologistas, o corpo clínico deve ser ampliado para até cem especialistas. Os 120 profissionais de outras áreas também envolvidos no atendimento podem chegar a 300.
– Os recursos para ampliar as possibilidades de cura vêm se ampliando. O câncer, embora continue sendo uma doença muito estigmatizada, não é mais uma sentença, especialmente nos casos em que é possível fazer um diagnóstico precoce – afirma Alceu Alves da Silva, diretor-geral do Sistema de Saúde Mãe de Deus.
O Hospital do Câncer Mãe de Deus atenderá pacientes privados e de convênios. Usuários do Sistema Único de Saúde (SUS) poderão eventualmente se beneficiar da área de pesquisa clínica, uma das prioridades do empreendimento, que seguirá desenvolvendo novos medicamentos e terapias.