O diretor do Departamento de Vigilância de Doenças Transmissíveis do Ministério da Saúde Cláudio Maierovitch afirmou haver risco de o número de casos de zika e de microcefalia aumentar no país, sobretudo nas cidades do Sudeste. Ele observou que a região não apresentou, até o momento, circulação importante do vírus. Por essa razão, a maior parte da população ainda é suscetível.
– Não é impossível que a região tenha apresentado a circulação. Mas, mesmo que tenha ocorrido, provavelmente ela foi muito pequena, algo que deixa a população vulnerável – disse Maierovitch.
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Maierovitch afirmou haver entre autoridades sanitárias brasileiras uma percepção semelhante àquela apresentada na última quarta-feira pela diretora-geral da Organização Mundial da Saúde, Margareth Chan. Em entrevista, ela apontou o risco de a epidemia piorar antes de que melhoras nos indicadores comecem a ser observadas.
A maior preocupação, de acordo com Maierovitch, é o Rio de Janeiro, em razão da Olimpíada. O diretor observou haver uma tendência histórica de redução de casos de dengue a partir de julho, quando as condições climáticas passam a ser desfavoráveis para a reprodução do mosquito vetor, o Aedes aegypti. A previsão é que a tendência se repita com relação ao zika. Há também uma expectativa de que, com as ações de combate aos criadouros, esse risco se reduza ainda mais a partir de julho.
– Mas como se trata de um vírus novo, não podemos ter plena convicção. Daí a necessidade de reforçar as medidas de prevenção – ressalta Maierovitch.
O diretor avalia que os indicadores de dengue – um termômetro para se avaliar a quantidade de criadouros de mosquito do país – devem começar a cair a partir de março. É o tempo necessário, calcula, para que ações de combate ao vetor passem a refletir também nas estatísticas sobre as doenças relacionadas, como dengue, zika e chikungunya.
Maierovitch informou que, durante a visita de dois dias de Margareth Chan ao Brasil, não foi discutida a possibilidade do envio de recursos para o governo brasileiro.
– Esse não era o momento – disse.
De acordo com ele, o mais provável é que parcerias possam ser realizadas, numa etapa posterior, para desenvolvimento de testes ou vacinas para combater o vírus.