Em rede nacional de rádio e TV, a presidente Dilma Rousseff fez ontem à noite um apelo à população para que ajude a combater os criadouros do mosquito e anunciou, a partir do dia 13, "uma megaoperação" de combate ao Aedes aegypti, transmissor do zika vírus, da chikungunya e da dengue.
- Este vírus deixou de ser um pesadelo distante para se transformar em ameaça real aos lares de todos os brasileiros - disse a presidente, em pronunciamento que foi acompanhado com panelaço em algumas cidades.
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Para a Organização Mundial da Saúde (OMS), o avanço da microcefalia ligada ao zika vírus é uma emergência internacional. Para o ministro da Saúde, Marcelo Castro, porém, a situação do zika vírus no Brasil "está sob controle". Em meio a um cenário de mobilização nacional contra o mosquito, a declaração do ministro destoou do anúncio da mobilização. E mais ainda por ter vindo de quem, duas semanas antes, disse que o país estava "perdendo feio" essa batalha.
- Para se dizer que uma doença está controlada, tem de dizer que o mosquito está controlado. Há esforços, mas a situação não está sob controle - rebateu Paulo Behar, chefe do Serviço de Infectologia da Santa Casa de Porto Alegre.
Entre os esforços anunciados pelo governo brasileiro está uma parceria com os Estados Unidos para o desenvolvimento de uma vacina contra o vírus. Uma das esperanças, a versão brasileira pode ser desenvolvida a partir da vacina contra a dengue, ainda em testes, mas que, segundo o diretor do Instituto Butantan, Jorge Kalil, pode ser adaptada para criar um imunizante contra o zika. O instituto também deu início a pesquisas de um soro que poderia ser aplicado em gestantes para combater o vírus antes que cause danos ao feto.
A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) também anunciou ontem ter concluído a análise de três produtos comerciais para diagnóstico in vitro do zika vírus.
As Forças Armadas também estão mobilizadas: 220 mil militares trabalharão com agentes de saúde para evitar a proliferação do mosquito. A partir do dia 13, começarão a procurar focos do mosquito, inclusive inspecionando imóveis.
Segundo o Ministério da Saúde, há no país 3,6 mil suspeitas e 404 confirmações de microcefalia, casos de bebês que nasceram com crânios menores que o normal.
O Centro de Pesquisas Aggeu Magalhães, da Fiocruz, e a Secretaria de Saúde de Pernambuco anunciaram que conseguiram identificar pela primeira vez o zika vírus em bebês com microcefalia no Estado. Isso reforça as evidências de que o vírus provoca microcefalia.
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