A combinação de altas temperaturas, típicas do verão brasileiro, com o período de férias escolares e viagens em família pode se transformar em um prato cheio para o aumento de casos de desidratação infantil nesta época do ano. O alerta é da Sociedade Brasileira de Pediatria.
Em entrevista à Agência Brasil, o presidente do departamento Científico de Pediatria Ambulatorial da entidade, Tadeu Fernandes, explicou que o quadro de desidratação consiste na perda de água pelo organismo por meio de vômitos, diarreia ou mesmo pelo suor:
– Muitas crianças ficam desidratadas por causa do calor, do excesso de exposição ao sol ou quando não há uma preocupação, por exemplo, em manter o quarto fresquinho. A criança perde calor pela pele, transpirando. Isso acontece principalmente entre crianças pequenas, que não têm boa reposição.
Segundo o especialista, alimentos mal acondicionados podem atuar como grandes vilões durante o verão, sobretudo em praias, festas e restaurantes:
– No verão, se a gente não conserva direito os alimentos, eles estragam mais rápido. Um iogurte comprado no mercado, por exemplo, ao entrar em contato com as altas temperaturas do porta-malas, pode já chegar em casa azedo e, posteriormente, é servido à criança.
Dicas simples de prevenção, de acordo com o pediatra, incluem evitar pedir gelo para sucos e rodelas de limão ou laranja em refrigerantes.
– Onde essas frutas estavam guardadas e há quanto tempo? Será que esse gelo foi feito com água filtrada ou da torneira? A ideia é limitar o risco – adverte.
Também é preciso ficar atento para oferecer água constantemente para as crianças. Os sinais de desidratação infantil incluem urina muito concentrada e em menor quantidade, criança mais irritadiça, pele com menos elasticidade e de aparência seca e olhos fundos. Em bebês, é possível perceber ainda a moleira com aspecto afundado. A orientação é procurar serviço médico sempre que houver quadro de vômitos e diarreia, para que a situação não se agrave.
– O mais importante, no tratamento, é a terapia de reposição oral com o soro preconizado pela Organização Mundial da Saúde, que pode ser retirado gratuitamente em postos de saúde ou comprado nas farmácias. É, inclusive, mais seguro do que preparar o soro em casa, já que pode haver erros na preparação, como mais sal ou menos sal – explicou o pediatra. – Muitas mãe se enganam utilizando bebidas isotônicas como soro para reidratação. Elas não servem para reposição em casos de diarreia, vômito e desidratação infantil. Outra lenda é o uso da água de coco, que não é a bebida correta para se fazer a reidratação oral. Também não adianta dar água pura para a criança porque o que ela perde é água salgada, com sódio e potássio.
*Agência Brasil